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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Virei gibi, e aí?

Tatuagens.... como amamos tudo isso!


Este texto é para você compadre, que ama, mas simplesmente ama, tatuagem.
Você é aquele tipo de comadre que todo dinheiro que você gasta em vão, tipo aquela balada cheia de gente estranha e esquisita, aquela comida cara que nem estava suculenta, aquele filme que você gastou para ver no cinema e teve uma senhora decepção, tudo meu querido, tudo que você investiu grana, e foi uma porcaria, com o perdão do palavrão. Se você nesta situação para e pensa, poxaaaa, isso daria um terço de uma sessão de tatuagem, bem-vindo ao clube.
Você é daqueles que vira amigo íntimo do tatuador, você passa 4 horas levando agulhada mas sai de lá feliz e contente, pedindo bis.
-Mas comadre, isso é doença, é pessoa que gosta de sofrer, masoquista.
É nada. Fazer tatuagem é a coisa mais legal que tem nessa vida.
Você é daqueles que chega o natal e você diz para todo mundo que faz parte da sua vida mais íntima: - não me dê regalias, me dê dinheiro para um novo desenho, e dispensa até o peru natalino. Você é daqueles que um super amigo seu, ou alguém da sua família te faz um favor nível hard da estrela e você diz: - nossa, valeu, porque você é sempre grato,  e diz: - eu não te troco nem por um frango assado na hora da fome, e nem por um namorado tatuador para me transformar na bolacha passatempo, de graça, sem cobrar, mas aí você pensa: putz, acho que eu deveria ter deixado só a parte do frango, porque a segunda é mentira, um drible desconcertante na sinceridade. Mas mesmo assim você fala, é seu amigo, vai aceitar este defeitinho, afinal de contas, ninguém é perfeito, né? Isso é só um mero detalhe...


Enfim, você é tão louco por tatuagem, que se você for fazer tudo que quer de verdade, falta pele mesmo sabendo que a maior parte do nosso corpo não é nosso intestino, é nossa pele.
Você detesta aquele compadre preconceituoso, que em pleno século XXI trata tatuados como marginais, aquele ser humano, que diz: - ah, se eu tivesse uma empresa eu não te contrataria.
Aí você nem perde muito seu tempo respondendo, você só pára, e pergunta: - você tem uma empresa? Ele te responde: - não.
Ai você só conclui em voz alta:- 
É por isso que você não tem uma empresa. depois em silêncio: -Deus, não me deixe pecar, mas, faça deste ser uma pessoa menos preconceituosa, eu concretizo, aleluia. Você até reza para esta pessoa ser melhor e para você ser melhor não julgando-a, pois não quer ser uma pessoa do mal, igual o pica pau.
Você tatuado já deve ter escutado as seguintes cretinas perguntas: Tatuagem dói? E quando você ficar velho? Esta você responde mentalmente: Estarei tão enrugado quanto você, mas com menos preconceito.
E se você não arrumar trabalho? Você, mais uma vez responde mentalmente: Tatuagem não mede caráter, se estou sendo eliminado porque tenho um desenho no corpo, quem não me merece é a empresa que não e contratou por isso.
Tatuagem é coisa de marginal, não é?
Blá blá blá, nesta hora você simplesmente se distrai com uma pomba que passou voando na sua frente,  e dá a ela o nome de Nikira enquanto  voa pelo céu.
Para mim, ter o corpo tatuado é ter o charme que te falta, sabe aquela mulher poderosa que coloca um vestido maravilhoso para o casamento da irmã, e o que dá todo o charme é quando coloca o colar? Pois bem, a tatuagem é o efeito nível hard da estrela da formosura.
É aquele homem de terno, que resolve dobrar a manga da camisa em dia de verão, e de repente você se surpreende com aquele braço colorido ou desenhado. Barbaridade compadre. Mas só pode fazer isso na hora do almoço, pois é chefe não curte tatuagens.


É meus queridos, infelizmente há muito preconceito descabido em relação a esta causa ainda. Todos nós esperamos quebrar esta besteira, pois tatuagem não mede a índole do ser humano, e todos sabem muito bem disso.
Então você meu querido irmão, irmã, que não tem nenhuma tattoo, que bom, ou que ruim, ou problema seu, seu corpo suas regras.
Você aí que como eu, ama os bons tatuadores, detesta os ruins, você aí que acha que tatuador que manda bem é um artista que deve ser respeitado e merece nosso couro para pintar, aleluia, alegria.
Porque vamos e convenhamos, todo bagual gosta de um gibi, e toda arte precisa ser admirada.
Mas comadre, e tenho uma fada verde da época que o avô era piá, parece que eu fui para cadeia durante um mês e um aprendiz treinou um desenho em mim para matar tempo. Não se reprima, não se reprima, tem tatuadores especialistas em consertar cagadas de outros, são seres que vão para o céu de paraquedas, baguais admiráveis, devemos amá-los e respeitá-los, porque não basta ser bom, o bicho é tão de futuro que conserta a cagada de outrem com mágica quase, sabe aquilo que parecia impossível e não ter saída, sem mais delongas, os caras mandam demais de bem.
Por isso eu te digo, se decidir pintar a carapuça, decida com responsa, pesquise, mas pesquise sem preguiça, o estilo, a linha e tudo que puder, pois a tatuagem tem que te trazer alegria e auto estima, e um significado que te faça sentido por mais maluco que seja, e não uma dor de cabeça.
E pague o preço que achar que deve pagar, pois, mais vale um gosto, que um tostão no bolso, não faça aquilo que não está confortável para fazer, a pele é sua, é você que vai carregar aquilo o resto da vida. Uma coisa é certa, quando nós tatuados morrermos, os bichinhos que forem comer nossa carninha ficarão contentes com o gostinho da tinta, sabe aquele catchup, e aquela maionese que você adora temperar seu sanduíche? Pois bem, a tatuagem será bem-vinda até na pós vida, e... tome tempero bicharada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Vai arregar ou vai saltar?

Um salto para vida...


Neste textinho vou compartilhar com os compadres e as comadres uma sensação: A sensação de saltar de paraquedas.
É meio ambíguo e paradoxal falar da senhorita sensação, seria mais sensato dizer no plural esta comadre, porque é impossível sentir um tipo só.
Se você já saltou pode ser que tenha sentido algo parecido, se está pensando em saltar, vai saber mais ou menos como é, apesar de que cada cabeça tem sua sentença, e se não saltou talvez você desista ou tenha certeza do que quer ou não quer fazer.
Vou compartilhar a minha experiência, e a de alguns amigos.

Quando você chega no local, é inevitável olhar para o céu, se você já curtia o céu, vai curtir muito mais, você olha porque vai ver um monte de baguais saltando. Aí pensa, se eles podem, eu também posso, aí vai dando um friozinho na barriga conforme você vai se aproximando. Lá chegando, vai vir um instrutor que vai te falar todas as manhas, até porque você não manja nada dos paranauês, não faz ideia do desfecho da situação futura, o piá vai te passar as informações, posições que deverá ficar, e vai pedir para você vestir um macacão. Até aí tudo bem, tranquilo e favorável. Você é convidado a subir no avião, nada mais nada menos que um Cessna, aeronave supimpa que custa um pouco mais de um milhão, aí você pára e pensa, se eu morrer, vou morrer de forma chique. Você se acomoda no banquinho e o piloto está decolando comendo uma maçã, você pensa que está vendo esta cena porque o cara deve ter experiência, e tinha, devia ter seu cinquenta e tantos anos. Mas que é muito auto segurança pilotar comendo uma maçã é, enfim, isso te deixa reflexivo.


O instrutor está colado em você e você começa a pegar altitude, dá um frio na barriga, mas nada fora do comum, você pensa em arregar, mas não quer pagar de covarde, ao mesmo tempo que pensa no seu pet, em quem irá alimentá-lo se você não voltar, que deveria ter dito aos seus pais que os amava, que esqueceu a janela do quarto aberta e pode chover, que esqueceu a roupa no varal, porque sim, você pensa que é um salto sem volta, e você reflete, quem precisa disso para sua vida? Eu poderia estar no chão, em casa, sem perigo e risco, sinto que caí de paraquedas aqui, estou tri arrependido nível hard, não estou pronto para morrer, eu não cumpri ainda minha missão aqui na terra, por que eu fui procurar o chifre na cabeça do cavalo baio? Aí você se alto chacoalha para parar com os melindres e focar na missão,  mas aí está ficando alto, e o piloto precisa voltar sozinho, porque dizem as más línguas que quem desistiu lá em cima, comeu o pão que o diabo amassou se voltou com o piloto, com direito a efeito G e todas as patifarias para castigar aquele que se cagou de medo, ou melhor, arregou mesmo e não quis saltar.
O instrutor aponta no relógio que está chegando a hora, que os 12.000 pés estão próximos, e chegou sua vez.
Você fica na posição indicada, já está com as pernas e pés fora do avião, não tem mais jeito, ou vai ou vai.
Você cai, nesta hora, é indescritível a sensação, está em queda livre, grudado em outra pessoa, eu só pensava que ia espatifar se o paraquedas não abrisse porque por azar, meu instrutor estava acima do peso, a queda livre durou uns segundos, nessa hora, mesmo que esteja com olho aberto você não vê nadica de nada, aquele óculos atrapalha sem cerimônia, imagine que você é um foguete em forma de humano, se o foguete tivesse sentimentos ele diria que seria você nesta hora.
Seu instrutor não dá um pio, e você se pergunta se o cara está acordado e se vai lembrar de puxar a cordinha, mas você é bonzinho e não se intromete, pois aprendeu a obedecer. Daqui a pouco você sente um solavanco. Uma pancadinha assim de leve, ufaaaaa. O paraquedas abriu, nesta hora você enxerga seu pé passeando pelo céu azul, vai para cá e para lá como se fosse um pássaro, você é autorizado a manobrar o paraquedas e você faz, pois, o pior já passou, mas você ainda vê coisas e pessoas em miniatura porque está bem alto compadre, barbaridade. Será que o pior já passou, será que agora estamos livres de problemas? Só que não. Aí vocês vão chegando perto do chão, e se você tiver sorte você faz a posição indicada, segura as pernas e cai de bunda, sem impacto, feliz e sorridente. Acabou e você está vivinho em folha. Se você tiver pouca sorte, você cai numa velocidade muito além do imaginado, de bunda, devido a querida comadre rajada de vento que resolveu te visitar agorinha, na horinha da sua querida descidinha. Em seguida cai o instrutor em cima de você, quase ao mesmo tempo, você literalmente nesta hora quebra o rabo. Sim compadre e comadre, isso pode acontecer, e não é legal, você fica uns 4 meses lembrando do seu salto toda vez que se mexe.



Valeu a pena?
Sim, sempre vale, quem não gosta de vento no rosto, adrenalina, e uma aventura às vezes?
Saltar de paraquedas te proporciona inúmeras sensações, te faz ficar de cara com a dúvida de não saber se aquele vai ser seu último suspiro, ou último momento maluco, te faz ficar de cara com a morte, de cara com o inevitável, te faz sentir medo, ansiedade, receio, alegria, arrepio e tudo ao mesmo tempo, testa seu cardio para ver se você está com o coração bom. Isso é estar vivo, é sentir tudo a flor da pele, e você precisa decidir, se vai ou se fica, se arrega ou se salta.
Saltar de paraquedas é fazer escolha, é abrir mão, é ganhar mão, é aquela sensação de não sabe se vai ou se fica, não sabe se fica ou se vai, se você não for vai passar o resto da vida se perguntando como teria sido, e não há nada mais triste do que chegar num momento da vida querendo saber porque não foi.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Mãe, cadê minha marmita?

A arte de morar sozinho(a)...


Este texto é para você, compadre, comadre, bagual, você aí que saiu de casa e continua indo comer o arroz e o feijão da mãe, da vó, da tia.
Mas comadre, mas é sério isso?
Éeeeeee, barbaridade.

Este textinho é para você que fala com o peito erguido para todos os seus amigos que você mora sozinho, mas quando vira as costas pós balada 4horas da matina, vai para casa da mãe filar café da manhã, se estende pro almoço, e se deixar, bagual fica pro jantar, para abusar um pouco mais da boa vontade da mãe, ainda leva as trouxinhas de roupa para pobre coitada lavar. E quando chega as continhas, bagual se adianta e manda tudo para mais uma vez a coitada da mãe pagar, porque não basta filar boia, tem que fazer o serviço completo.


Ôhhh bichinho sem futuro, eita potro sem dono.
Compadre, comadre, você só mora de fato sozinho quando: você paga todas suas contas sem auxílio paterno/materno/familiar, você sabe fazer seu rango, seja ele uma gororoba que nem seu cachorro dá conta de comer, e seu gato faz careta ao cheirar, sabe lavar sua calcinha e sua cueca. Aí sim você é um bagual de fibra. Você pode não saber cozinhar meu querido, isso não é um problema, mas, ou você pode pagar para alguém fazer, ou você combinou com sua mãe que ia sair de casa mas que seu bucho ia continuar sendo alimentado, acerto é acerto, combinado não sai caro, ou você pode comer nos restaurantes, podendo arcar com seus custos.


Ahhh mas e quem não sabe trocar chuveiro? Ahhh eu não sei, mas aí temos os amigos eletricistas para isso irmãozinho.
Estou refletindo neste texto sobre aqueles queridos e queridas que saem da casa dos pais e não sabem nem lavar o sovaco, moram sozinhos só para pagarem de independentes por aí, mas no fundo estão na barra da saia da mãe ainda, isso é muito esquisito. Sabe aquele bagual que só sai de casa para ter independência, no sentido de não ter que dar as horas para família? Mas a responsa mesmo de morar sozinha o rapaz ou a rapariga não têm?
Se você meu amigo decidiu sair de casa, pois bem, saia mesmo. Saia mesmo no sentido de sair da barra da saia da velha e do velho, não saia só para isentar das satisfações, arque com todas as consequências além de todas as despesas.
Ahhh, mas a vida é minha, eu faço o que eu quiser e isso não é da sua conta.
Pode ser que não seja mesmo, e não é, mas uma coisa é certa, só mora sozinho aquele que leva sua roupa na lavanderia porque não tem tempo ou saco de lavar, mas paga por isso, come fora todo dia, porque não sabe ou não tem saco para cozinhar, e paga por isso, limpa sua bagunça ou contrata faxineira pagando por isso, e etc irmãozinho.


Morar sozinho é bom demais, é vida, é liberdade, é andar pelado no meio da sala sem cerimônia, é desligar o celular e assistir tv até a hora que Deus quiser comendo pipoca e brigadeiro, é deixar para limpar a casa no dia seguinte quando bateu cansaço, é chamar os amigos quando quer companhia sem sacanear os vizinhos, é dormir peladão/peladona se der na telha, é comer besteira se não está a fim de comer comida saudável de vez em quando, é cozinhar marmita para semana, é ouvir o som que quiser seja brega ou não, é fazer tudo que dá na telha, mas com responsabilidade, é ter um relacionamento sério com você mesmo, é aprender a lidar com a solidão e amar isso, é aprender que sua casa é seu templo e que nela só entra pessoas especiais, é aprender a viver na organização, mesmo sabendo que ninguém vai ver que está tudo organizado, pois só mora sozinho aquele bagual de futuro e de fibra, é a típica liberdade sem se isentar da responsabilidade.
Como isso é tri bom barbaridade.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

O que importa tem raiz!

O que importa tem raiz!


Comadre e compadre, hoje eu vou falar das nossas raízes, aquelas que nos anunciam e nos denunciam. Hoje encontramos todo tipo de gente. Aqueles que negam as raízes, mas quando abrem a boca não tem como evitar que não são daqui ou dali, sabe aquele sotaque? Então, ele mesmo, é o dedo duro, o x-9 da vida do povo. Tem aquele compadre que nega a raiz de um nível tão hard da estrela, que ele se expressa e é tão ator, que você nunca vai saber de onde ele veio, o cara é bom, engana, e muito bem. E você bobalhão, não tem noção de onde vem não.
E tem o cara tipo eu, aquele que ama de onde veio, que abre a boca e denuncia, que não perde o sotaque nunca, que já morou em duas cidades com sotaques totalmente distintos, mas que mesmo assim, a raiz condena. Sabe aquele cara que fala cantando? Então...
Sabe aquela comadre que não curtia leite quando era pequena, que sua bebida preferida era o chimarrão, e que ela tomava até o mate ficar lavado, e pedia bis? Porque mate lavado, este é um parceiro que te entende. Mas comadre, você é gaúcha, você é do Sul?  Sim e não, eu sou do Sul, mas sou um pouquinho mais de cima, minha terra é Paraná.
Ah meu Deus quando eu morrer, só uma graça para esperar, me leve logo ao paraíso, me deixe no paraná...

Só que não.


Sinceramente eu preferia ter nascido lá em baixo do mapa, porque eu cresci com a cultura gaúcha, frequentando CTGs (centro de tradição gaúcha) comendo churrasco fogo de chão, costela e afins, dançando, recitando poesia, cantando versos tradicionalistas. Uma gaúcha típica, mas não nata.
Minha cidade tinha dois semáforos ou sinaleiros que não funcionavam direito, a diversão do povo era ir a missa de domingo, tomar sorvete na praça, depois de encher o bucho de chimarrão até ficar verde pós churrasco do almoço, regado a muita carne de primeira, maionese de vó, salada, e pão, bah, delícia, andar de carro pelo centro, que não dava nem para colocar terceira que já tinha que voltar, falar da vida alheia, porque estudar era difícil e dava trabalho.
- Sabe o compadre João? Nem te conto comadre, trocou a esposa do casamento de 40 anos para ficar com uma guria da idade da filha mais nova dele.
- O mundo tá perdido mesmo.
- E o piá do Bartolomeu? Só pensa em vídeo game e ficar o dia inteiro na internet (sabe aquela internet com o E no final bem generoso? É assim que se fala).
Você viu a filha da Jurema? Está namorando o bicho sem futuro do filho do compadre Marcão.
Deixando a ironia de lado, eu gosto da minha cidade, minha vida lá foi maravilhosa, tenho ótimas lembranças, principalmente dos bailes gaúchos que eu ia e dançava até não sentir a sola do meu pé, as comidas deliciosas e o mate amargo, minha cidade era colonizada por gaúchos e eu amava isso, meu sotaque vem de lá, e eu não tenho vergonha de falar leite quente sem cerimônia com um E no fim nada tímido, de falar piá para menino e guria para menina, e barbaridade quando estou embasbacada com algo, de chamar as pessoas que tenho apreço de compadre e comadre, e bagual para homem bom e forte. Não ligo para nada disso, se meu sotaque te incomoda irmão, não fale comigo, simples assim.



A vida é um eterno abrir mão, por conta dele eu sai da minha cidade, eu também sofri “bullying” lá, eita piazada babaca, mas tudo bem, eles não sabiam nem onde a galinha mijava, fui para uma cidade com 15 vezes mais habitantes que a anterior, sofri “bullying” na escola também por conta do sotaque, vi a diferença das pessoas e do povo e assim a vida andou,  vim para uma cidade maior ainda, a maior do país, com tanta diversidade, que eu vi que meu sotaque e o meu mate viraram só um detalhe, eu sou um grão de areia, eu não conheço meu vizinho, ninguém está nem aí se eu to namorando um zé mané e to andando a pé.
Na academia quando faço a aula de abdominal eu digo para a professora que a aula fez meu bucho fritar, ela ri, e só.
Então meus queridos, a raiz está em nós, eu não estou falando só de sotaque e gosto musical, eu estou falando dos nossos valores, daquilo que nos acompanhará por toda nossa vida mesmo quando sabemos que somos metamorfoses o tempo todo, a raiz não sai, a raiz nos define, ela é nosso DNA.
Há coisas que nunca deixamos de amar mesmo sabendo que conhecemos no início da vida, eu ainda me arrepio e sei décor e salteado as canções gaúchas que eu ouvia no carro enquanto ia pro litoral, lembro das poesias declamadas em tempo de invernada. Nossa vida é marcada por detalhes que mesmo que vivêssemos cem anos conseguiríamos esquecer, não digo só do que foi bom, mas do que foi ruim e machucou também, e nós podemos ficar com o que foi bom, sorrindo quando lembramos, e ressignificar o que foi ruim tirando algo importante como lição de vida, aprendizado. Compete-se a nós escolhermos.
Isso sim é evolução, e cada um escolhe o que quer se importar nesta vida louca, curta, maluca, imprevisível, sopro e tri.

(Fim)


“Quem forjou pelos caminhos:
Cavalos, calos e amores;
Bem sabe que os corredores
Não dão guarida e razão.
Pois não é qualquer galpão
Que tem o calor da gente,
Que sabe as coisas que sente,
Fincadas no próprio chão!

Não é que as dores da trilha
Não ensinem a quem anda,
É que a cruzada se agranda
E o que importa tem raíz.
O mundo é puro matiz...
Mas onde quer que se passe,
O chão onde a gente nasce
É o que a gente sempre quis!

Por isso que quem carrega
As manhas de ter andado,
Conserva o solo sagrado
Desenhado nas retinas.
Pois o beijo de outra china,
Não é o da prenda mimosa,
E a terra que não é a nossa
Nos vale o que nos ensina.

Eu sou mais um que já andou
Gastando o aço da espora
Mais da porteira pra fora,
Que da porteira pra dentro.
É certo, não me arrependo,
Porque vivi sem maldade
E aprendi – barbaridade –
Vivendo o meu próprio tempo.”
(Roberto Ponsi e Leandro Gomes)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O poder da intensidade!

Intensidade...

Compadre e comadre, vamos refletir sobre algo interessante. Quão intenso você é em sua vida, carreira, relações, existir?
Você já parou para pensar em como as relações interpessoais estão líquidas? Por que isso acontece?
Por que nós, seres humanos racionais e evoluídos trocamos uma conversa cara a cara, olho no olho, saliva, saliva, para ficar olhando para uma tela esperando o sinal azulzinho de mensagem lida?
Mas comadre, não seja uma tri bicha sem futuro, a melhor coisa que aconteceu foi a evolução tecnológica dos “smarts phones”.
Sim, eu sei, eu acho que foi uma mão na rodinha dos nossos patins, mas isso precisa ter limite, isso precisa ter respeito, nós não somos robôs, e nós precisamos de contato humano, isso não dá para negar.
Por que para algumas pessoas a vida é um eterno abrir mão e para outras isso não faz o menor sentido? Você é do qual tipo? Que abre mão ou que te dão a mão e você pede o braço?
A vida é de fato um eterno abrir mão, porque a partir do momento que escolhemos o A, o B automaticamente foi excluído, rejeitado, magoado, e foi ignorado mesmo a gente sabendo que o B existe e que ele contrasta o A, que gostaria de ser escolhido e se sentir especial também. Já dizia meu pai, mais vale um gosto que um tostão no bolso. Mas há aquele querido que acha injusto escolher, então fica com o A, o B, enganando ambos e a si mesmo, é uma realidade triste, mas o mundo está cada dia mais assim, recheado de compadres e comadres que não querem assumir as consequências das escolhas, porque os valores de certo e errado estão cada vez mais obsoletos, anseio tristemente viver num mundo onde tudo é permitido mesmo quando nem tudo lhe convém e me convém. Espero do mais íntimo do meu ser e coração, que isso nunca aconteça, que os valores primordiais nunca se percam.
Mas por que temos tanta dificuldade de escolher e de abrir mão?
Por que sempre queremos ir pelo caminho mais curto?

Por que vivemos com medo de sofrer, de flutuar, e de tirar os pés do chão? Por que sempre optamos em estarmos rodeados de pessoas, mas voltamos para casa sozinhos?



Hoje vivemos na era dos aplicativos, pois com ele podemos pular a etapa da conversa, e irmos direto ao que interessa. Mas por que ninguém quer conversar, ninguém quer desvendar o outro em sua mais íntima profundidade?
Em que ponto estamos chegando? Por que é tão difícil respeitar o limite do outro. Será que somos perfeitos?
Não, sabemos que não somos. Então por que desistimos do outro na primeira dificuldade? Por que rasgamos o nosso companheiro e o jogamos no nosso cesto de lixo na primeira oportunidade que temos.
Por que as pessoas estão vivendo de forma tão egoísta e banal?
Será que isso tudo é um mecanismo de defesa para não sofrer, ou é covardia mascarada?
Por que muitos de nós sentem como se estivessem sobrando na vida de outrem, porque temos que nos contentar com um momento feliz sem poder pedir bis?
Talvez porque nunca falta quem nos sobra.


Onde foi morar o compadre compromisso, o compadre bagual de fibra, que cumpre o que diz?
Cadê nosso bom senso com nós mesmos e com as pessoas que nos relacionamos, cadê a empatia, o amor, a compaixão e a sensibilidade, até que ponto somos tão evoluídos assim se nos transformamos em robôs?
Será que o para sempre morreu, ou alguém comeu?
Será que nossa geração morrerá velha, banguela e solitária?
O que será de nossas vidas?
Será que vivemos num eterno abrir mão?
Tem coisa melhor que viver as coisas no seu mais amplo sentido, desvendar e experimentar tudo que é necessário e possível até chegar naquela raspinha da panela que todo mundo adora? Tem coisa mais maravilhosa do que um frio na barriga de um reencontro, de um beijo apaixonado, de um abraço daquele amigo ou ente querido que não vemos faz tempo? Por que estamos abrindo mão das coisas essenciais? Por que estão se transformando em invisíveis e estão deixando de existir? Por que estamos retrocedendo e estamos nos preocupando com coisas que não são tão importantes?
“Até onde vai a liberdade? Onde está traçada esta linha?
 A fronteira da sua vontade, termina onde começa a minha”.
“e...enquanto a vida vai e vem, você procura achar alguém , que um dia possa te dizer: quero ficar só com você”.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O pulo que o gato deu...

Miau!


Hoje eu vou falar do bicho mais psicodélico que existe, quem, quem, quem? O felino, o peludo, o miau, o nha nha nha, e bla bla bla.
Se você não gosta de gatos, pode continuar lendo, eu prometo não falar mal dos outros bichos, como cachorro, galinha, boi, vaca, carneiro, porco e etc.
É que o gato é um bicho especial, tenho certeza que estes bichanos são mais desenvolvidos que nós humanos, nós achamos que sabemos tudo e não sabemos nem onde a galinha mija, já os gatos têm certeza, porque eles sabem.

Dizem as más ou boas línguas que os felinos são bichos sobrenaturais, que tem super poderes que nós seres evoluídos nunca entenderemos. O felino não é só uma bola de pelo, gato é um bicho cheio de desenvoltura em cima de quatro patas, esse bicho não tem nada de sem futuro.


Ahh, mas comadre, gato solta pelo, e lambe o rabo, e bla bla bla.
E daí? E você que nem banho toma direito, ainda bem que você não usa a língua, ia ser um caos. O gato mesmo usando a língua para se banhar consegue ficar cheiroso, tem coisa mais mágica que isso?
Porque o gato é mais legal que o cachorro?
Por um motivo muito simples. O gato pode ficar o dia todo em casa sozinho, ele nem liga, ele explora a casa, mete o focinho em tudo como se não houvesse amanhã, mas não deixa molhado onde encosta. Se você dá um pito num gato, e chama ele em seguida, ele só volta se ele quiser e se tiver um ótimo motivo, ahhh mas gato é bicho interesseiro Hedi.




É nada, gato é bicho que tem amor próprio, se você trata ele mal, pode ser que ele não te devolva o mal, ele não é o pica pau, mas com rosas e chocolates ele não vem. O felino é um bicho cheio de peripécias, é sedutor, avassalador, você já viu um felino caçando, se você quer vir algo de classe veja esta cena. A Ághata, minha gata falecida, era uma exceção, a bicha era tão gorda que ela sentava em cima do inseto que queria comer, sufocava ele, e comia em seguida, ou ela chamava meu pai, por quem era apaixonada para caçar para ela. Quando o felino quer atenção ele deixa isso muito subentendido, mas se não quer, ele cava um buraco num lugar e você nunca vai encontrá-lo, o gato é um bicho que não aceita não como resposta, se você diz não pise aí, ele pisa mesmo, para mostrar que é ele que manda e que manja dos paranauês, ele adora fazer isso quando você está limpando a casa, pisa onde está limpo e onde está sujo trazendo e levando a sujeira, para mostrar que é ele que manda no pedaço.


E os caninos comadre?
Vejam bem, eu não estou falando mal dos cães, bicho é especial independente da espécie, mas o cachorro, é um bicho que não tem amor próprio, se você briga com ele, dois minutos depois ele está lambendo seus pés e você não precisa nem se redimir. Onde encosta o focinho, molha e te lambe de graça, é abobado, e se você não brinca com ele até a morte, começa a latir e faz melindre, eita bicho chato, barbaridade, experimenta deixar um cachorro sozinho em casa, quando você voltar vai parecer que invadiram seu lar, tudo estará de pernas pro ar, e ele ainda olha para você e só não diz isso porque não fala, mas te olhará em tom de ameaça como quem diz: se você me deixar sozinho de novo, posso fazer pior que isso, sua vida acabou...


Gato é bicho de personalidade, inúmeras personalidades, tem aquele gato que não mia por nada nesta vida, mas quando entra no cio, não pode chegar perto que fica cheio de nha nha nha nha nha. Mas para isso tem solução, é só castrar o bichano, o que é uma pena, pois são gatos a menos para nos alegrar.
Se eu pudesse, compadre, eu adotaria todos os gatos abandonados, porque gato é bicho curioso e é em homenagem a ele que veio o ditado que a curiosidade matou um gato, ele se diverte com qualquer brinquedo idiota, mas você não pode colocar a mão, se não tira a graça, cachorro não, é cheio de frescura, precisa cagar fora de casa, não usa caixa de areia, precisa de brinquedo de borracha, barbaridade,  tem bicho mais querido que o gato, ele só mia quando precisa de algo, faz as necessidades no lugar certo, não tem frescura para comer, vê coisas que a gente não vê, deixa nosso ambiente mais leve e divertido, neutraliza energia pesada, mede o espaço pelo tamanho do bigode, com exceção da gatita que tinha o corpo muito mais roliço que o bigode e dava uma de Garfield entalando  para passar nos lugares.


Qual  a qualidade negativa de um gato?
Para não me julgarem por eu ter falado mal dos cães, o negativo do gato é, o número 2 é tão fedido, que você se pergunta? Como pode uma criaturinha tão fofa ter as fezes tão fedida, mas como não existe cocô cheiroso né, vamos dar crédito aos gatos. A outra coisa é, soltam pêlo para dedéu e no cio ficam numa miadeira que vou te contar compadre e comadre.
Enfim, bicho e tudo igual, são poços de fofura, são criaturinhas queridas, independente se você tem um coelho gordo e fofo, salve Elvis, apaixonante e maravilhoso, se você tem um bicho que fala, que mia que late, chamegue, porque só ele te suporta, porque amor de bicho compadre e comadre, esse sim é incondicional, mesmo que você seja, chato, insuportável e um bicho sem futuro, seu bicho, ahhh esse te ama.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Apego ou Desapego?

Desapega, desapega, OLX...


Dentre todas as formas de apego, quiçá a emocional seja a mais perigosa, porque ela escraviza, acorrenta, e não deixa os ciclos se encerrarem, não permite aquilo que precisa ir embora se tornar livre.
Mas comadre, como desapegar, se meu coração é burro e quer ficar no quentinho, no comodismo?
Use a imaginação e a razão, como pode existir amor se não há liberdade? Aquele que tem apego agarra o apegado com unhas e dentes e acaba forçando uma situação que já teve início, meio, e fim. O apego é um veneno, tanto para quem faz uso dele, como para quem é receptor ou vítima.
Pare, reflita: será que existe o apego bom?

Tem aquele compadre que é apegado à mãe, aí quando arruma uma namorada a transforma na própria mãe, há aquele que tem apego aos bens e vira escravo do próprio dinheiro. Aquela que o filho arruma namorada e faz de tudo para miar com o romance, porque acha que o filho ficará eternamente debaixo da sua saia e nenhuma mulher é boa o bastante. Outro que tem apego as coisas, amando as mesmas e usando pessoas, há louco para tudo meu querido. Mas trocando em miúdos, apego nunca é manobra certa da estrela. Veja se as pessoas são apegadas ao amor, a compaixão, a empatia, se elas fossem estaríamos todos salvos, e o mundo estaria livre de problemas.


Por que é tão difícil desapegar?
Por que julgamos tanto  as pessoas extremamente desapegadas denominando-as de sem corações ou frias?
Calma lá compadre, não confunda focinho de porco com tomada, uma coisa é ser desapegado, outra coisa é ser egoísta.
Talvez o apego seja algo nato do ser humano, somos apegados a nossa mãe principalmente porque ela nos alimenta e precisamos dela. Mas e aquele namorado que a gente gosta muito, e não sentimos recíproca, muitas vezes somos diminuídos e não somos tratados da forma que merecemos. Por que somos apegados a algo que não é bom?
Porque somos escravos, e nos conformamos com algo que poderia ser melhor, na esperança de que seja melhor, a expectativa é a mãe da tragédia e da decepção, o que precisamos entender é que as coisas, pessoas e sentimentos mudam a todo instante, e se de fato o que sentimos é verdadeiro, terno e sublime, devemos deixar o outro fazer o uso do livre arbítrio, isso serve para qualquer coisa, para relacionamento de amizade, amoroso, entre parentes, de emprego, de bichos de estimação e todo relacionamento onde o apego faz morada.
Tudo que é nosso, volta para nós, tudo que é verdadeiro é libertador.


O que precisamos fazer é substituir os apegos, se sou apegada a algo que não é bom para minha vida, passo a me apegar a uma virtude que pode me ajudar a ser melhor. Faço uma troca justa, faço com que se transforme num hábito. Mas comadre, você fala como se fosse fácil. Não é, mas aí está o desafio da vida, fazer coisas difíceis para viver de uma forma mais harmoniosa. Isso é vida, isso é amor próprio, isso é desafio, se a vida não fosse desafiadora morreríamos de tédio.
Pratique o desapego do que não é bom, se apegue naquilo que te faz bem e que é bom. O amor não causa desconforto, se isso está acontecendo, há apego e não amor.
Ah, mas comadre, eu tinha uma namorada, que me deixou e eu ainda gosto dela. Não consigo desapegar.
A pergunta que eu te faço é: Você gosta de você? Você se ama? Se namore, fique sozinho, se conheça, aprecie sua própria companhia, a partir do momento que você conseguir suportar você mesmo com seus limites, e se amar mesmo assim, limitado cheio de defeitos, você estará pronto para conhecer a mãe dos seus filhos, a mulher que pediu a Deus, a mulher da sua vida e da estrela, nível hard ainda.
Desapegue daquele emprego que você detesta, daquele amigo, que não é verdadeiro, daquele carro que só dá problema, daquele relacionamento que te anula e diminui, de tudo que te amarra e embaraça, simplesmente, deixe ir...


Desapegar- se é ser livre e dar o direito ao outro de também ser. A dor do desapego é inevitável, pois não é fácil deixar o que se ama ir, mas o sofrimento pela escolha de deixar ir é opcional. Uma coisa é mais que certa: não coloque sua felicidade, esperança, alegria, e expectativas na mão de ninguém, mas de ninguém mesmo, se não a pessoa tira e você fica sem. A única pessoa que pode suprir suas necessidades psicológicas é você mesma.
O desapego está na consciência tranquila, daquele que fez de tudo para fazer o outro feliz, e que aceita sua escolha de não ficar, que ama incondicionalmente, mas que não aceita migalhas. Nada mais libertador que deitar a cabeça no travesseiro com a paz de quem fez de tudo por amor, e que se pudesse não faria nada diferente.
Porque se soubesse tudo o que sabe agora, faria tudo exatamente igual.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Xote ou Chamego?

Chamego ou Xote?


Compadre e compadre vou te contar, você prefere um xote ou um chamego?
Mas o que é chamego comadre?
Chamego vem de chama, é carinho meigo e paixão avassaladora.
Segundo nosso poeta Luiz Gonzaga, o chamego dá prazer, faz sofrer, as vezes dói, as vezes não, o chamego é chegadinho, o chamego é bom, quem não gosta meu irmão de um carinho e compreensão? Se não gosta, é porque não bate bem não. Bem do que? Dá cabeça e do coração, bom sujeito não é não.

Por que não juntar o xote com o chamego meu querido, dançar coladinho e rodopiando no salão, palpitando coração, sozinho ou com seu par então, o chamego também combina com a solidão, ou não...


É dançando que desamarramos o que se embaraçou, é na dança que nos encontramos com nós mesmos, que testamos o limite do nosso corpo, que compartilhamos o toque com um desconhecido ou um conhecido, e vemos que somos todos iguais, mas só com um balanço e com um chamego diferente. O chamego nos deixa contentes, com o coração sorridente. Tem chamego na dança, na amizade, no bicho de estimação, na boneca de pano, na família, e no irmão, o chamego faz bem ao coração do peão.
Se o mundo tivesse mais chamego, não existiria medo e desapego, porque o chamego se apega, mesmo sem pegar. Chamego é cafuné, no homem ou na mulher. O chamego está no abraço, no embaraço, no sorriso fácil, no segredo, no sossego e na paixão.


O chamego está naquele abraço apertado e demorado, com cheiro no cangote e beijo na testa ou na bochecha, o chamego não faz cerimônia, nem melindre, nem frescura, o chamego meu irmão, é uma belezura, é barbaridade. Então chamegue, como se não houvesse amanhã, respeite quem você escolheu chamegar, porque talvez o amanhã pode nem chegar, para poder contar a quem se quer chamegar. Então compadre, Chamegue sem rodeios. Porque... “cheira bem que dá medo, traz desassossego, quando ela inventa de xaxar no meu baião, eu fico meio tonto, já virou costume, menino eu já não sei viver sem seu perfume, me traz paz, alegria e muito mais, com rosto coladinho onde é que a gente vai?”
Ahhh, vamos chamegar...


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Família!

Vá para casa e ame sua família!


Comadre e compadre, hoje é o dia de falar dela, daquela que janta junto todo dia, nunca perde esta mania, a família.
Hoje, vivemos num mundo onde o estereótipo de família acompanhou a modernidade, temos aquela família composta por mãe, pai e filhos. Aquela família de mãe solteira ou de produção independente ou a mulher independente com filho. Aquela família composta de dois pais que fazem ao mesmo tempo papel de mãe, de duas mães que fazem papel de pai, aquela que a vó ou o vô é pai e mãe duas vezes e não cria o neto como neto, mas como filho, e por aí vai.
Neste texto não tenho o intuito de refletir as denominações da família, mas sim enxergar quão grande é o amor da família. Porque, pai, mãe, tia, vó, não é aquele que traz alguém ao mundo biologicamente falando, mas é aquele que cria como se fosse pai de sangue, porque ser pai e mãe é um dom, uma dádiva, e para qualquer pai e mãe que você pergunte, todos dirão com a mesma convicção: -Você só vai saber o que é amor incondicional, meu filho, de fato e ao pé da letra, quando você tiver um filho.

Família é aquela que aguenta suas manias, seus defeitos mais estúpidos que nem você aceita, é aquele que te tolera no seu limite mais lastimável, e que mesmo assim te ama mesmo quando você não merece. Estou falando daquelas famílias que têm defeitos já que nenhuma é perfeita, mas que têm um relacionamento bom e que se amam.


Tem aquelas famílias que brigam igual cão e gato, mas na dificuldade se ajudam, aquela família que é distante e só se vê no natal, aquela família que se tolera, mas que uma fala mal da outra pro vizinho. Pode ser um pouco de preconceito da minha parte, pode ser que a vida me mostre que eu estou errada. Mas sei lá, acho um tanto quanto esquisito aquele ser que não se dá com ninguém dentro de casa, que todo mundo da família é o capeta da vida dele, e que ele odeia com todas as forças, que a mãe é isso aquilo e cozido frito, o pai é louco e desequilibrado, o irmão é o capiroto, e quando encontra com ele no corredor dá choque, o cachorro é chato, o gato é assassino, a tia é uma bruxa e bla bla bla. Meu querido, você aí que está lendo este texto e fala mal de toda a sua família para Deus e o mundo. Você já tentou ser tolerante? Já tentou olhar pro seu nariz para ver se um pouquinho do problema não é seu, e se você também não é um porre para se conviver?
Ahhh mas comadre, minha família é um problema. Mas amigo, problema, ou equação ou fração, é a família que você tem, ou ame-os ou deixe-os. Agradeça que você tem uma, mesmo que problema, ela deve se preocupar com você, mesmo você não levando isso em consideração. Experimente tentar amar, ou ver o lado bom, só um pouquinho, pois você bem sabe que amar seus amigos de balada é fácil, amar quem você gosta é simples, e amar aqueles que você odeia, olha que legal, é um desafio, é difícil nível hard da estrela, você faz caridade, pratica empatia, e aprende a lidar com o diferente, com certeza isso te ensinará a ser um ser humano melhor.
Você aí que namora uma garota que trata os pais dela como bichos, é grosseira e sem educação, não se iluda compadre, ela vai te tratar assim daqui um tempinho, pode não ser agora, mas você sentirá na pele esta emoção, se não respeita nem a família, não vai respeitar você. Você aí mulher, que está saindo com um homem de família, ou melhor, casado com outra mulher e você está fazendo o papel da outra achando que o papel teu de amante se inverterá e você será da família, desça para terra mulher.  O Que te faz pensar que ele não vai te trair também? E não deixe ele te enganar com o papinho de que você é especial, ele vai dizer isso para todas as outras. Pau que nasce torto mija fora da bacia meu bem, não faça para os outros o que você não gostaria que te fizessem, simples assim.
Você aí que tem uma irmã que pega suas roupas sem pedir, converse com ela. Certa vez minha querida irmã pegou uma saia minha linda que eu tinha costurado, e a levou sem pedir para uma viagem para Paris, ela queria ir chique é claro, eu super chateada fui cobrar explicações, e minha irmã com toda sua cara de bagre ensaboada me disse: levei sua saia para a França, quando ela teria a oportunidade de conhecer este belo país?
Se você tem uma irmã assim, sorria, porque depois de uma resposta desta, aposto que você ficou sem contra resposta. Deixe claro que você gostaria que ela pedisse e que você emprestará se ela o fizer, tenho certeza que se você falar com jeito vai funcionar, comigo funcionou, sem contar que eu dei risada da resposta bem-humorada dela, não esperava tanta criatividade.
Aprenda a impor limite para as coisas de convivência que te incomodam, com uma conversa educada e assertiva, praticamente não há problema que não possa ser solucionado. E você crescerá ao tentar desvendar estes mistérios de convivência.


Você que já perdeu os seus entes queridos, guarde as lembranças boas, você terá anjos eternos intercedendo e torcendo por você, e terá a chance de viver o amor eterno e ilimitado em seu coração, não tente substituir seus entes queridos, pois esta missão não será possível, mas se abra para que a vida te presenteie com pessoas que não terão laços de sangue, mas que serão como se fossem da sua família. Você que ainda tem seus entes queridos vivos, valorize-os, ame-os, a vida é tão breve e curta, e a pior sensação nesta vida é a sensação de não ter amado o suficiente, não economize amor.
Pois por pior que sua família seja, família é sempre família e sempre vai te estender a mão quando você estiver dentro do buraco. Se você não tiver uma família para isso, a vida te oferecerá um amigo que será como alguém da família que te dará o céu quando você estiver no inferno. Porque a vida é assim, você pode achar que nada está tão ruim que não possa piorar, mas isso depende do ponto de vista. É preferível pensar que tudo não está tão bom como imaginava, mas sempre, sempre pode melhorar. A gente não pode escolher nossos laços sanguíneos, mas podemos escolher nossos amigos, e se eles forem pessoas do mesmo sangue que o nosso, ahhh comadre e compadre, isso é sorte.