Dentre todas
as formas de apego, quiçá a emocional seja a mais perigosa, porque ela
escraviza, acorrenta, e não deixa os ciclos se encerrarem, não permite aquilo
que precisa ir embora se tornar livre.
Mas comadre,
como desapegar, se meu coração é burro e quer ficar no quentinho, no comodismo?
Use a
imaginação e a razão, como pode existir amor se não há liberdade? Aquele que
tem apego agarra o apegado com unhas e dentes e acaba forçando uma situação que
já teve início, meio, e fim. O apego é um veneno, tanto para quem faz uso dele,
como para quem é receptor ou vítima.
Pare,
reflita: será que existe o apego bom?
Tem aquele
compadre que é apegado à mãe, aí quando arruma uma namorada a transforma na própria
mãe, há aquele que tem apego aos bens e vira escravo do próprio dinheiro. Aquela
que o filho arruma namorada e faz de tudo para miar com o romance, porque acha
que o filho ficará eternamente debaixo da sua saia e nenhuma mulher é boa o
bastante. Outro que tem apego as coisas, amando as mesmas e usando pessoas, há
louco para tudo meu querido. Mas trocando em miúdos, apego nunca é manobra
certa da estrela. Veja se as pessoas são apegadas ao amor, a compaixão, a
empatia, se elas fossem estaríamos todos salvos, e o mundo estaria livre de
problemas.
Por que é
tão difícil desapegar?
Por que
julgamos tanto as pessoas extremamente
desapegadas denominando-as de sem corações ou frias?
Calma lá
compadre, não confunda focinho de porco com tomada, uma coisa é ser desapegado,
outra coisa é ser egoísta.
Talvez o
apego seja algo nato do ser humano, somos apegados a nossa mãe principalmente
porque ela nos alimenta e precisamos dela. Mas e aquele namorado que a gente
gosta muito, e não sentimos recíproca, muitas vezes somos diminuídos e não
somos tratados da forma que merecemos. Por que somos apegados a algo que não é
bom?
Porque somos
escravos, e nos conformamos com algo que poderia ser melhor, na esperança de
que seja melhor, a expectativa é a mãe da tragédia e da decepção, o que
precisamos entender é que as coisas, pessoas e sentimentos mudam a todo instante,
e se de fato o que sentimos é verdadeiro, terno e sublime, devemos deixar o
outro fazer o uso do livre arbítrio, isso serve para qualquer coisa, para
relacionamento de amizade, amoroso, entre parentes, de emprego, de bichos de
estimação e todo relacionamento onde o apego faz morada.
Tudo que é
nosso, volta para nós, tudo que é verdadeiro é libertador.
O que
precisamos fazer é substituir os apegos, se sou apegada a algo que não é bom
para minha vida, passo a me apegar a uma virtude que pode me ajudar a ser
melhor. Faço uma troca justa, faço com que se transforme num hábito. Mas comadre,
você fala como se fosse fácil. Não é, mas aí está o desafio da vida, fazer
coisas difíceis para viver de uma forma mais harmoniosa. Isso é vida, isso é
amor próprio, isso é desafio, se a vida não fosse desafiadora morreríamos de tédio.
Pratique o
desapego do que não é bom, se apegue naquilo que te faz bem e que é bom. O amor
não causa desconforto, se isso está acontecendo, há apego e não amor.
Ah, mas
comadre, eu tinha uma namorada, que me deixou e eu ainda gosto dela. Não consigo
desapegar.
A pergunta que
eu te faço é: Você gosta de você? Você se ama? Se namore, fique sozinho, se
conheça, aprecie sua própria companhia, a partir do momento que você conseguir suportar
você mesmo com seus limites, e se amar mesmo assim, limitado cheio de defeitos,
você estará pronto para conhecer a mãe dos seus filhos, a mulher que pediu a
Deus, a mulher da sua vida e da estrela, nível hard ainda.
Desapegue daquele emprego que você detesta, daquele amigo, que não é verdadeiro, daquele carro que só dá problema, daquele relacionamento que te anula e diminui, de tudo que te amarra e embaraça, simplesmente, deixe ir...
Desapegar-
se é ser livre e dar o direito ao outro de também ser. A dor do desapego
é inevitável, pois não é fácil deixar o que se ama ir, mas o sofrimento pela
escolha de deixar ir é opcional. Uma coisa é mais que certa: não coloque sua
felicidade, esperança, alegria, e expectativas na mão de ninguém, mas de
ninguém mesmo, se não a pessoa tira e você fica sem. A única pessoa que pode
suprir suas necessidades psicológicas é você mesma.
O desapego
está na consciência tranquila, daquele que fez de tudo para fazer o outro feliz,
e que aceita sua escolha de não ficar, que ama incondicionalmente, mas que não aceita migalhas. Nada mais libertador que deitar a
cabeça no travesseiro com a paz de quem fez de tudo por amor, e que se pudesse
não faria nada diferente.
Porque se soubesse tudo o que sabe agora, faria tudo exatamente igual.
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