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sábado, 23 de junho de 2018

A copa e a política do pão e circo! Sim, meu time é a Cróacia há 3 copas, e não, eu não pago pau para gringo!



Salve galera, hoje é domingo e eu estou no meu canto no quentinho enquanto muitos saíram para beber uma gelada, passar frio e ver o nossa seleção brasileira de futebol entreter o povo com um futebol bem meia boca estreando na copa.
Eu nunca vi povo tão animado para torcer igual brasileiro, se o povo trabalhasse com a mesma fibra que torce pro seu time favorito, nossa, nossa vida seria bem mais simples e teríamos um terço dos problemas que temos.

Imagine, meu querido, se esse povo que grita gol votasse ou anulasse com a mesma vontade e garra que grita um gol, ou reivindicasse com a mesma potência? ou tivesse caráter com a mesma bossa da torcida?
Meus queridos, não tem problema nenhum você torcer, beber, berrar e se estrebuchar na copa, desde que você não esqueça que tem questões mais sérias que afetam diretamente a sua vida aqui no seu país para ser questionada e mudada. Fora aqueles brasileiras que me deixaram com muita vergonha com o vídeo machista e ridículo pedindo para aquela inocente Russa cantar aquelas podreiras, eu fiquei com tanta vergonha por aqueles babacas, que me deu um pico de tristeza por aqueles espíritos pobres. Mais uma vez eu cheguei a conclusão que brasileiro merece ser estudado. Pobre da guria, que só foi ser simpática e mal sabia ela que eles não estavam sendo hospitaleiros com ela como os russos provavelmente foram com eles.




Eu fico pensando o que leva o povo a ser tão paranoico por futebol, e cheguei a seguinte conclusão, a vida de muita gente anda tão chata que tudo vira motivo para sentar num bar qualquer, pode ser um boteco mesmo e comemorar, afinal de contas, hoje está 3 graus mais frio que a mesma data no ano passado, o pão francês lá na padoca do lado de casa está 3 centavos mais caro, ahh, a cerveja serra malte agora é puro malte, vamos tomar mais para comemorar afinal de contas tem que ter sorte para tomar uma puro malte.
Já vieram me questionar porque eu torço para Croácia, e ainda me enfiaram o dedo na cara me perguntando se eu não torço só porque o uniforme é bonito, que eu sou uma paga pau de gringo e só torço para Croácia porque os caras são branquinhos e gatinhos.

Eu nem respondi porque a pessoa que me perguntou isso tinha a moral mais suja que pau de galinheiro, e não está mais entre nós, que Deus a tenha. Então eu só emano positividade para onde quer que ela esteja, seja no céu seja no inferno, e desejo seu bem, pois é isso que eu quero para mim.





Eu achava copa uma merda, a cidade ficava um saco, o trânsito  caótico, os bêbados ficavam mais insuportáveis do que já são, qualquer coisa é desculpa para não ir trabalhar, e o mais engraçado disso tudo é que quem torce não ganha nada, quem ganha mesmo é o jogador que fica cada dia mais rico e você mais pobre, porque além de não ir trabalhar para ver o jogo depois tem que cumprir hora extra. Dá até para andar pelado no meio da rua na hora do jogo, parece uma coisa bem bizarra que se estende por 1 hora e meia.
Eu não torço pro Brasil mesmo, e se quiser me achar pau no cú por isso, fique a vontade ou entre na fila, mas não esquece que cada julgamento um pix

Meu time favorito é a Croácia, eu torço para eles há 3 copas, foi um time que eu adotei por um motivo que pode parecer ridículo para você mas para mim não foi, ou pelo mesmo motivo que você torce pro Palmeiras e times afins, teve uma copa não sei de qual ano, que os croatas jogaram contra o Brasil, o jogo foi um show de horror, os brasileiros entraram no campo com sangue nos olhos e os croatas apanharam no primeiro e o segundo tempo perdendo a partida, eu nunca vi no futebol a galera apanhar naquele nível. Porque quem não sabe lutar entra com arma ou parte para porrada. A partir deste dia eu não quis mais torcer pelo Brasil porque fui empática com os Croatas. Eles não apanharam porque os brasileiros jogaram muito bem, eles apanharam literalmente, levando cotoveladas chutes e pontapés e eu achei isso uma coisa bem longe de ser justa. Dedo no cú e gritaria era ficha.






Eu acho patético pessoas que xingam os jogadores e as mães deles de tudo quanto é nome só porque o cara errou o chute. Eles são seres humanos como a gente com a diferença de alguns milhões a mais na conta. A energia que as pessoas emanam nestes jogos é muito negativa.
Eu sei que tem gente que vai ficar emputeado comigo porque eu estou fazendo essa critica, mas povo, reflitam, vocês não percebem que eles não querem que vocês pensem? Não perceberam que enquanto vocês estão lá torcendo e enchendo o bucho de cevada eles estão aprovando um monte de coisas tenebrosas  no congresso e o pau está comendo solto para te ferrar mais tarde?

A política do pão e do circo sempre funcionou desde a época dos lideres romanos quando queriam manipular o povo, eu não sei se o povo sabia que estava sendo feito de idiota, o pior de tudo isso é que hoje você, eu e as pessoas sabem, mas fingem que não sabem porque querem encher a cara por motivo ridículo e ir para vila Madalena na pegação e ferveção, e mais uma vez funcionou. É mais fácil ser alienado, não precisa pensar né, a zona de conforto costuma ser bem quentinha e aconchegante.


Eu sei que a Croácia não tem muita chance, a última copa que eles chegaram perto garantindo o terceiro lugar foi contra a França em 1998 perdendo de 2X1. Mas é um povo sofrido, que conseguiu a independência bem tarde comparando com os outros países europeus. Enfim, não estou aqui para justificar minha escolha, porque você gostando ou não eu vou continuar torcendo pela Croácia, só estou aqui para gerar a reflexão que cada país tem o time que merece e o governo que merece, sem mais.
Parabéns,  Zlatko Dalić, vai que é nossa!!!!

Vai Croácia, faz me rir.







sábado, 16 de junho de 2018

Namorar é para transar e ser feliz, se for para ficar brigando volte para casa da sua mãe!






Olá meus queridos, entramos essa semana com um dia especial para aqueles que têm um companheiro, ou uma companheira. O que mais me chamou atenção nesta data além das declarações piegas foi que tem muita gente solteira com dor de cotovelo e querendo espancar todos aqueles que estão enamorados. Meu povo, mais amor por favor, e mais amor sem favor. Não é da sua conta se tem casal que não se comporta como casal e vice versa.

Realmente, esclarecimento que não quer calar, namorar hoje em dia é uma bela missão de amor, de doação, e de escolha que significa renúncia, pois cada escolha tem uma consequência e significa dizer não para muita coisa, aprender a lidar com o limite do outro que é diferente de você com algumas exceções e sobretudo ser resiliente, tendo criatividade para lidar com os percalços e adversidades sem perder a humanidade e o respeito. Estou falando de relacionamento de verdade, e não estas porcarias que temos visto por ai.






Tem muito casal que briga para caramba, principalmente aqueles que juntaram o pacote de sal. E essa fase para quem já passou por isso é a mais difícil, pois é necessário entender os limites e a rotina do outro, ai acontece muito conflito: é aquela toalha molhada em cima da cama, é ir deitar em horários diferentes, um quer comer frango e o outro polenta, tem o cabelo no sabonete que incomoda, ou no ralo do banheiro que o distraído da vez no banho esqueceu de recolher, tem a louça da pia, tem o ronco noturno dentre outros ruídos e odores, são coisas que parecem pequenas mas que geram conflitos para a relação.
Caro, morar sozinho e a melhor coisa que existe na vida, quando você junta os trapos com alguém, tem que ter em mente que sua vida não será mais a mesma de quando morava sozinho, vai mudar completamente, nem pior nem melhor, diferente. Por isso pense bem antes de fazer esta escolha. Pois terá que renunciar um mundo lá fora e dentro da sua casa, ao mesmo tempo que terá momentos maravilhosos e momentos tenebrosos, como ir dormir brigado por exemplo, e não poder nem abraçar no frio, porque tem a faixa de gaza separando os dois na cama: o rancor. o ronco? não... o RANCOR.
Brigas, um ciúme bem piquititico dão uma apimentada na relação mas isso tem que ser algo saudável e não algo doente, muito menos frequente.

Se você esta brigando é porque você ama, pois se não se importasse acredite, cada um iria seguir seu rumo, ninguém se desgasta brigando se não for para procurar a solução.  Você chora e esperneia por algo que você nem dá a mínima? então...brigar é uma forma inconsciente de defender a relação, mas o conflito acontece, porque tem a verdade absoluta e o ego emprestando as armas.







Mas lembre-se, as brigas são normais mas não podem e não devem ser frequentes. Alterações de voz e ânimos, berros e birras estão fora da cogitação no mundo adulto. Pois se fizer isso mesmo que tenha razão você perdeu. Trabalhar em equipe é um sucesso quando você tem uma namorada, seja gentil, trate seu parceiro como você gostaria de ser tratado, se for agir de uma forma que te deixa em duvida se irá agradar exerça a empatia, ou seja, se coloque no lugar, se fosse contigo você gostaria de receber tal atitude ou comportamento, vou dar um exemplo bem bobo que eu vi um casal fazendo e achei o máximo, a guria não sabia assoviar e sua banda predileta estava no palco fazendo um tri show da estrela, e o namorado vendo que ela estava louca para assoviar, assoviou e ela fez o gesto, e os dois ficaram felizes. Talvez a comadre aqui seja do tempo do epa de piegas, mas eu achei tão fofo. 
A palavra NAMORADA é algo muito interessante. Experimente tirar o amor do meio da palavra e veja o que sobra: NAMORADA sem amor é igual a nada.
Sabemos que a experiência de ter uma namorada ou namorado é um test drive para ver se você quer que esse nada deixe de ser nada e faça morada com sua namorava. olhaaaa, até rimou.

Nunca culpe o outro por algo que falta ou algum vazio. Porque muitas vezes isso não está no outro e sim em você mesmo, e logicamente que vazio nunca preencherá vazio. Não procure fora da relação, isso é falta de respeito e caráter. Se está faltando algo não justifica enganar o outro como justificativa de uma falta. Seja honesto e resolva antes de tomar decisões egoístas  para obter prazeres momentâneos que deixam você mais vazio do que já está.
Sem contar que acreditando ou não, quando a gente sai na rua a gente já abraça a energia do mundo, imagina se conectando sem responsabilidade sexualmente com alguém, é uma puta responsa jow. O bagulho é fita...





Relacionar-se é uma arte, e a arte é algo difícil de explicar, aprender ou entender. Por isso eu admiro todos aqueles que se arriscam e que tentam fazer o outro feliz. O caminho mais curto é sempre mais fácil, como ficar sozinho mas solteiro nunca, muito utilizado pelo povo hoje em dia,  pulando de galho em galho, ou metendo o pé quando começam os conflitos. Essa e uma solução muito simples e vazia, além de banal. Pois o amor é como um pássaro selvagem que pousa nos dedos. Estende a mão quando o amado está no chão e sobretudo suporta a felicidade do amor como se fosse a dele, faz tudo isso de coração. E nunca quer para o outro aquilo que não quer para si mesmo. Se você ai que esta casado ou namorando, se pergunte se você suporta ver seu amado feliz. Porque amor não é só levantar o outro do chão, mas suportar vê-lo feliz sem ficar com dor no ego ou no cotovelo.
Parabéns a todos os casais que mesmo nas adversidades e com a possível liberdade preferem estar juntos crescendo e alimentando o sentimento mais sublime e pleno que existe: o amor.

Não desdenhe ex de seus atuais, pois eles foram importantíssimos para preparar a pessoa que você se relaciona hoje, adendo, é o porco selvagem falando do porco urbano. Desenha hedi: você também é ex de alguém, e acredito que não gostaria que alguém que você nem conhece tenha ódio gratuito por vc. Se fosse adequado para você hoje  não seria ex não acha? Então não vejo ameaça em ex, mas essa é minha humilde opinião.

Ahhh mas ela fala mal do ex e ainda goza na cama dele.

Cada caso é um caso, viva a diversidade. tem gente que é amigo de ex tem gente que cancela e deleta ex. cada um administra o luto da forma que lhe convém, quem sou eu na fila do pão para dizer o que está certo ou errado?

Lute, dê o seu melhor, porque se por um acaso der errado, você estará com a consciência tranquila que fez o que estava ao seu alcance. Procure não guardar mágoas, perdoar e resolver pendências emocionais, perdoar não significa conviver. Emane paz, felicidade e positividade para o seu ex, não deseje o ex bom é ex morto, procure evitar falar mal. Pode ser que a pessoa tenha sido filha da puta e tenha te feito chorar, mas não seja mesquinho e egoísta , ela te fez sorrir também, deseje o melhor sempre, pois a lei do universo é bem justa e tudo que vai volta.









domingo, 3 de junho de 2018

Mimimi? Primeiro espetáculo... E Minha relação de amor com o palco!




Salve meus queridos amigos e leitores, hoje venho compartilhar uma experiência que me trouxe muito autoconhecimento e mudou minha vida desde que comecei nessa trajetória.
Eu sempre apreciei a arte desde que estava na barriga da minha mãe, esse é um fato inquestionável, carrego arte na minha pele, no meu sangue e sobretudo na minha alma. Nesse trajeto conheci pessoas, em formas de anjos que acreditaram em mim e me fizeram acreditar em coisas que eu não enxergava me mostrando o mundo de uma forma diferenciada, mas obviamente isso não seria possível se não estivesse aberta para tal experiência. Às vezes a verdade vem no nosso nariz, o universo nos presenteia a primeira vista com um balde de água fria, mas que na verdade era uma banheira de água quente com pétalas e perfume, desde que queiramos ver assim.






No início deste ano, iniciei um curso de teatro porque meu coração assim pedia. Quando cheguei em São Paulo, há alguns anos, fiz alguns meses numa oficina que era algo muito amador, que me desencorajou me fazendo acreditar que eu não servia para aquilo, talvez eu não via que servia naquele momento, nem sempre o inferno é o outro e nem sempre a culpa é das estrelas. Às vezes é tudo culpa nossa mesmo.
Nesse ano, conheci mestres que me viram além de uma guriazinha com sotaque sulista e me fizeram ver que dentro desta carapuça existe uma mulher e não uma menininha birrenta, (às vezes ela atua, mas é tudo teatro) com o perdão do trocaralho.
Muitas coisas aconteceram nessa etapa. A dúvida, a incerteza de estar ou não no caminho certo, de ter ou não nascido para isso e o porquê dos porquês, afinal, a morte em vida chega quando paramos de questionar verdades duras e absolutas. Foi aí que eu vi que sim, tinha luz no fim no túnel, tinha pedras no caminho e percalços, mas a vitória estava nesta caminhada e não necessariamente no espetáculo, pois é a peleia que nos faz crescer. Já dizia meu pai: não tá morto quem peleia.





Aulas semanais que hora me excitavam e me traziam a libido e outras que me mostravam que eu não era nada além de um ser humano errando mas tentando acertar.
Minha turma era muito mais jovem do que eu e eu passei a admirar os mais novos, pois aprendi com eles a ser mais leve não sendo tão dura comigo mesma nem com o outro.
Foi um caminho longo e intenso brigando com o ego dos egocêntricos demais com a certeza que se as pessoas não aprendem com amor, aprendem pela dor mesmo, porque a melhor escola é a vida. Ninguém morre sem entender ou aprender o que é necessário aprender. Entendi meus limites, testei minha paciência, aprendi a lidar com pensamentos e ideias diferentes da minha amando o outro e sua história e julgando menos, depois de julgar muito obviamente, sei bem que sou limitada, ainda bem que eu tenho a consciência disso, muitos morrem nessa exata ignorância.
Foi um semestre de muito aprendizado, de muita ansiedade, de muito choro, cerveja, e alegria além dos maços de cigarros.





Meses escrevendo texto, enxugando texto mesmo que na torcida do pano das palavras não saia água, e sim dúvida e repertório de novas palavras. Sempre ouvindo: - não tenha medo de cortar texto, o menos pode ser mais.  Já dizia o mestre Fábio, eita homem abençoado, um incrível ator e professor.
E assim, o mestre me escolheu para narrar toda a peça. Aí entrou a hedi criativa, a hedi escritora, a hedi em dúvida, a hedi aflita e sobretudo a hedi viva.
Meu colega de cena foi a pessoa que mais aprendi neste período porque éramos água e óleo, mas entendi que se chacoalhasse os dois se misturavam por um momento e sim, foi nesses momentos que conseguimos nos encontrar para fazer o nosso texto. Ele tinha muito talento, mas também tinha sombra além de dor, assim como todos nós, ufaaa, finalmente tínhamos toda a narrativa para todas as cenas, fui contagiada pelo rap pois ele era um artista do rap, e quando vi, minhas falas já estavam cantadas mesmo eu não querendo isso, mas estava da hora.
E assim, Na ultima semana uma surpresa desagradável, meu colega que ia contracenar comigo  resolveu sair de cena e ir embora, com um simples e direto:
- vão todos se foder!
Meu povo, dedo no cú e gritaria seria pouco...
O rap me deixou com a mão e mente vazia, o rap não, o colega que fazia rap. Porém o rap teve compaixão de mim e pegou na minha mão. E eu amei, porque o rap sempre gritou meus demônios internos mas também me fez dar voz e ser ouvida quando ninguém tinha tempo para escutar. Mas ai os anjos saíram tudo do túnel do medo e assim voamos.






O grupo todo se contagiou com aquele comportamento, porque sim, todo mundo estava fodido naquele momento. E nosso mestre manteve-se na pose. Não é a toa que ele é mestre. Se comportou como tal. O cara é mesmo foda.
E aí, eu peguei o abacaxi para descascar, no começo eu fiquei perdida confusa e sem saber muito bem o que fazer. Mas ai lembrei que abacaxi é minha fruta favorita e para comer tem que descascar. Foi então que eu peguei o texto, mastiguei, engoli e digeri, e o transformei em dois personagens: o tempo e a memória que teoricamente seriam dois atores em um.
Logo eu que sempre questionei o tempo e o que ele faz com as pessoas. Minha personagem era a memória, e minhas memórias são profundas, mas todas me fazem lembrar que respiro e que estou mais viva do que nunca e aprendo todos os dias com elas mesmo que algumas me tragam as lágrimas mais salgadas que o mar.
O mestre me deu mais uma tarefa:
- Hedí, você que mexe com moda, se formou nisso, você pode ajudar com o figurino.
Foi um puta desafio, eu não pegava numa agulha fazia tempo. 

O mais louco é que o mestre confiou em mim de novo, mas no fundo estava todo mundo desesperado para dar conta e não decepcionar o público depois que o artista de rap mandou todo mundo a merda, a gente não queria que o público fizesse o mesmo. Queríamos alimentar todo mundo com arte porque barriga cheia não reclama.






Como eu ia costurar sem maquina e como eu ia costurar depois de 7 anos sem costurar? Eu fiquei uma semana sem dormir produzindo na cama com a cabeça fritando ideias. E veio a inspiração. A ideia era fazer uma roupa para o meu colega com formato de furacão, cinza, pois o tempo arrasta, ele é tão subjetivo que não se explica, assim como o amor, só quem sente entende, e cada coração é único. E eu seria a memória com sua delicadeza e saudosismo deixando as marcas no tempo, a ideia era colocar penduricalhos na minha roupa e no decorrer da apresentação colar no furacão os penduricalhos como se a memoria deixasse marcas no tempo.
Minha intuição foi foda porque fiz a roupa do tempo primeiro, costurei tudo a mão durante umas 8 horas, deixei meus afazeres, meu tcc da pós para me dedicar a isso. E aí nosso colega vazou. Acho que eu já estava sentindo que isso ia acontecer e acertei de ter deixado a minha roupa para lá, porque a dele serviu para mim.
Resumindo, o que não tem remédio remediado está. Eu usei a roupa do tempo, e vesti junto com o furacão os dois personagens.
Os últimos ensaios foram um fiasco, subimos na estréia sem saber como íamos acabar. 

Tive que engolir o texto dos dois personagens goela abaixo, e mesmo eu tendo escrito parte do texto com a ajuda do meu irmão de coração Gabis (prodígio em pessoa) que não participou porque viajou na estreia, ainda assim me sentia pressionada e sabia que talvez teria que entrar com improviso se desse branco na hora de dar o texto.






O palco é um lugar de respeito e eu fiz questão de agradecer ao Deus do universo, tocar o chão, pisar com o pé direito porque ali eu precisava deixar uma mensagem, e era naquele momento.
O sentimento não se explica, é algo tão intenso, que parece que te faz flutuar. Naquele momento eu percebi que minha vida é o palco e eu o respeito como respeito a minha vida.
Acredito que essa apresentação ficará para sempre no meu coração, porque foi o que mais me desafiou nos últimos meses, foi o que mais me fez ter resiliência e sobretudo o que mais me fez respeitar aquilo que estou fazendo além da ansiedade, dor de barriga, e caganeira, heheh.
Não saí totalmente satisfeita da primeira apresentação porque eu esqueci texto, improvisei mas não na forma que eu gostaria. é a comadre auto cobrança que deveria ser auto confiança, que come a gente vivo, pior que canibal Mas os aplausos do final alimentaram meu ser e principalmente as pessoas queridas que foram me assistir encheram meu coração de alegria. 





Convidei muita gente para ir. As pessoas que convidei foi porque era importante para mim que estivessem lá, porque acompanham meu trabalho, porque são amigas e porque eu admiro.
Senti muito pelas pessoas que dizem ser amigas e que não compareceram por motivos irrisórios. Isso me fez ver que preciso repensar algumas amizades.
A última apresentação foi ontem, 02 de junho de 2018 e essa data marcou minha vida.
Ontem senti que dei meu melhor e não faria nada diferente, aprendi com os erros da estreia, dancei, sorri, gritei e chorei como se não houvesse amanhã. Duas pessoas que compõem minha família e meu sangue viajaram kms para me ver,  sou grata a Deus por isso. Meu pai não veio, e isso partiu meu coração, aprendi que quem veio é porque era para vir. Um casal de amigos que eu conheço há pouco tempo mas sinto como se fossem da minha família estavam lá, e isso me emocionou muito, não consigo nem definir o sentimento bom que me trouxeram. Além da comadre, minha polaca preferida.
Sou eternamente grata a todos meus amigos da turma, aprendi muito com eles, e  sinto que nossa energia foi incrível, mesmo com nossos limites e diferenças.
Agradeço também ao meu maninho da turma, meu irmão de coração o Gabriel, que se mostrou um grande amigo em toda essa trajetória, escrevemos juntos, fotografamos juntos, rimos, bebemos e falamos da vida, admiro muito a força deste jovem piá que escreveu um belo texto no início, tivemos que enxugar mas me deu muita inspiração para refazer o texto final, a Aline pela prontidão e sedução, além de ter se mostrado uma guria muito querida e solidária. Bruno pela crítica e pelas reflexões, Ray pelas risadas e reboladas, Vilson pela maturidade e humildade mesmo com tão pouca idade, João pela força, garra e dedicação, Rafa pela acolhida e empatia ( você só foi chata de ter pedido para o João não usar a gravata que eu comprei, isso foi uma afronta, te pego na saída terça, brincadeira). Natália pela sensibilidade e pela voz maravilhosa, Danyel por não ter desistido e pelo esforço, Verônica por ser uma querida e uma pessoa forte e dedicada.




Agradeço a escola e ao meu mestre do módulo que é uma pessoa que vou guardar no coração por sua tamanha sensibilidade e grande exemplo de ser humano.
Termino este texto dizendo que minha vida é o palco com ou sem aplausos. E agradeço a todos aqueles que me apoiaram direta ou indiretamente. E digo para quem assistiu que foi por muito amor para e por vocês.
Nada mais gratificante que você fazer parte de um espetáculo que você traz em pauta tudo aquilo que você acredita, principalmente porque disse coisas em forma de atuação de tudo que te representa e gerou nos expectadores reflexões apresentando saídas positivas para problemas sociais atuais. Nada mais contagiante que o exemplo que arrasta. 
Será que nossas mazelas atuais são mesmo mimimi? ou são vocês que não estão nem aí?

A peça abordou temas como relacionamento abusivo, toxidade nas relações, preconceito racial e sexual, regalias que os ricos compram, falta e oportunidade para os melhores de renda baixa  para dar vez a quem tem dinheiro e prestigio, deturpação de valores , estereotipo familiar não ideal dentre outras coisas que fazem parte da nossa realidade.

Minha maior tristeza ao relatar essa apresentação é que ela não foi gravada e vai ficar na memória do meu personagem, a memória, que eu espero que o tempo assim como o rap não se apague.

Os figurinos dos meus colegas foram pintados à mão, fiz tudo dentro de um quarto, gastei horas no Brás atrás das ferramentas de improviso para preparar os trajes. E constarei minha roupa a mão com uma linha e um alfinete.


Nas fotos seguintes apresento os figurinos dos colegas feitos por mim e pintados a mão com os personagens que representaram. E os vídeos dos bastidores!
obrigada pela sua audiência, paciência, por ser esta pessoa maravilhosa e Tchau!





Para não perder o costume, onde eu estou surgem os gatos, eu tentei pegar este gato no colo, só tentei!

Expectativa X Realidade


















Personagem da Rafa: Intolerante e repressora!


Personagem do João: Filho do juiz que passa no teste para TV porque o pai comprou o teste, e um alienado pelo sistema.




Personagem do Vilson: Menino Homossexual que sonhava em ser ator, e assistente do diretor que apoiou venda do teste para o juiz



Personagem da Aline: Cena 3 Menina sonhadora, honesta, cena 4 intolerante e repressora.




Personagem Verônica: Mulher que sofria relacionamento abusivo e tinha o sonho de se casar, porém, cai na realidade e acaba com o abuso.





Personagem do Ray: inicialmente preconceituoso e intolerante, no final da cena minoria homossexual que luta pelos direitos




Personagem Danyel: Homem abusivo e pai intolerante.




Personagem da Naty: Menina que sai de casa porque a família não aceita sua escolha de ser atriz e ajuda a mãe a sair do relacionamento abusivo.





Personagem do Bruno: trouxe a crítica das minorias sociais que sofrem preconceito



Minha personagem: Narradora na voz do tempo e da memória




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