Olá
compadres e comadres. Estes dias me peguei pensando com meus coloridos botões.
Por que ainda não foi ressignificado esta historinha patifaria dos contos de
fadas, onde casamento é sinônimo de felicidade eterna?
Primeira
coisa: casamento não é sinônimo de “felizes para sempre”, ele é rosa e espinho,
como o trabalho, como a vida, como o ônibus, que te leva mas as vezes quebra, como todo o resto, até porque há muitas pessoas que vivem
casamento de fachada, no fundo estão infelizes, mas não se separam porque
disseram até que a morte nos separe, preferem aparentar para os outros que
estão bem, porque se cada um for para um lado as pessoas, os parentes, os
vizinhos, vão reparar, se preocupam com o
que vão pensar e achar a respeito de suas vidas, mas não seria a morte em plena
vida estar ao lado de alguém que você não vê mais perspectivas de futuro? Alguém
que não tem mais sentimento por você e vice-versa, aquele afeto que foi morto e
enterrado, alguém que não ama mais, e só porque assinou um papel se mantém lado
a lado?
Casamento e
o compromisso não são o papel e a aliança que usamos como objetos de decoração,
e sim o contrato e o compromisso interno que temos com o coração do outro. Não
é à toa que o dedo usado para colocar o adereço anel de metal é o dedo esquerdo
anular, que é o que se liga ao coração.
Quantas
pessoas você já viu por aí que tiram a aliança para cometer adultério? Por isso
eu falo, não há papel, anel ou testemunha, que desmistifique ou justifique a
falta de caráter.
Quem trai sempre justifica a atitude como se fosse culpa do outro, que foi procurar fora o que não tinha em casa, é muito mais fácil colocar a culpa no parceiro, mas será que o papel de trair não é muito mais deselegante? Por que não são sinceros e honestos? Facilitariam a vida de todo mundo, e não teriam o trabalho de enganar ninguém.
Sim, casamento
é um compromisso de responsabilidade, o que eu acho errado é a banalização do
ato em si, as pessoas já se casam com a mentalidade que se der errado separam,
mas na realidade elas não têm maturidade para viver um casamento de fato, as
relações estão cada vez mais superficiais e egoístas , um tem que aceitar o
outro com seus limites, mas também não quer olhar para si mesmo e perceber que
a via é de mão dupla, que os dois precisam fazer sua parte, simplesmente
desistem no primeiro pum. Casamento, acredito eu, não é para pessoas fracas,
primeiro porque é necessário lutar para dar certo, é como se fosse uma empresa
onde é necessário muita energia e investimento. Muitas vezes os relacionamentos
funcionam como empreendimento na vida das pessoas, e aqueles relacionamentos
que vão bem, elas simplesmente esquecem de investir porque estão aparentemente bem, mas aí que está o erro, nada funciona por conta própria, inclusive as
relações, que precisam ser alimentadas, revigoradas, questionadas e o mais
importante: os dois precisam querer fazer funcionar na mesma frequência e
intensidade, se a vibe não é a mesma, e não há interesse de ambos em
equilibrar, e fazer a manutenção preventiva, o fracasso é garantido. Você já
parou para se perguntar porque os inícios das relações são sempre lindos e
calorosos?
Primeiro
porque o novo instiga e fomenta seu desvendamento, segundo porque existe a
conquista de ambos os lados, então o casal faz de tudo para agradar, para
conquistar e para acolher o outro, neste momento dão mais amor do que
necessariamente recebem, dão o melhor de si, são piegas, românticos,
carinhosos, mas aí o tempo vai passando, a relação cai na rotina, e as coisas
que deveriam ser mantidas vão escorrendo pelo ralo, a sensação que dá é, que se
aquilo já foi conquistado, tiram férias da relação, e de braços cruzados não precisam fazer mais
nada para manter aquilo que foi conquistado. Aqui é que está o grande equívoco.
Nesta hora é necessário inserir o novo, buscar novas formas de entretenimento
para o casal, novas posições sexuais, e mesmo que você esteja pobre e sem
dinheiro, busque programas gratuitos para sair da rotina. Tem coisas que nunca
devem ser deixadas de lado, como por exemplo, um carinho, um sorriso
espontâneo e fácil, elogios, apoio, companheirismo, dizer que o outro é
importante, mandar uma mensagem inesperada, ligar em horários que não era de costume, isso tudo talvez pareça algo pequeno e sem importância, mas
acredite, são estes detalhes que fazem toda a diferença.
Ahh, mas
comadre, o que você sabe sobre relacionamento para falar que acontece desta
forma, com tanta propriedade?
Eu sei
porque eu me relaciono com as pessoas e as histórias são sempre as mesmas, elas falam com a boca cheia que padres não podem falar de casamento como se
fossem donos da razão, já que não vivenciaram um casamento. Porém, tem pessoa
para fazer pesquisa de campo melhor que o padre? Ele não viveu isso, porém o
que ele escuta de histórias alheias, não está escrito no gibi.
Aparentemente
a princesa não arrota, é cheirosa e perfeita, no filme não mostra a princesa de
TPM, nem com dor de barriga, nem fazendo progressiva no cabelo, depilando e
fazendo unha, o príncipe muito menos, ele é viril, másculo, forte e precioso.
Você já parou para olhar a princesa e o príncipe internamente? O que chama
atenção em ambos à primeira vista é apenas a estética, e a beleza, porém a
beleza acaba, e você não continuou acompanhando a vida deles pós filme mesmo
sabendo que é um conto, e as vezes do vigário, para saber como é a relação dos
dois, nem mesmo para apreciar ou admirar suas virtudes, se é que elas existem.
Porque não
mostram o lado negro das pessoas? Será que as crianças, se soubessem desde
pequenas quem são seus heróis não entenderiam que para ser um é necessário
batalhar, e muito, e que indivíduos são faltosos?
Ah comadre,
mas tem o Shrek, ele é ogro e mesmo assim a princesa quis ficar com ele. Sim,
realmente o Shrek é cheio de defeitos, e a princesa também é, e um casou com o
outro sabendo da ogrice de ambos. Talvez este desenho ressignifique um pouco
esta coisa de perfeição que as pessoas insistem em procurar nas outras.
A reflexão
que quero gerar neste texto é: ninguém é feliz para sempre, somos limitados
como indivíduos. Tem dias que estamos bem e outros nem tanto. Mas se estamos
nos relacionando com um outro ser, podemos aprender a construir um castelo de
sonhos juntos, mesmo sabendo que cada um terá seu ritmo para chegar no topo, e
neste caminho haverá muitas pedras, mas se você decidiu dar a mão para subir na
montanha, você saberá que os dois suarão e cansarão juntos, mas lá no topo
poderão chorar de emoção, rir de alegria e se abraçar para demonstrar apoio, e
até comer um açaí para refrescar, esta tarefa muitas vezes pode ser bem chata,
por outro lado também pode ser divertida. O problema em pauta é, que as pessoas
andam tão egoístas que elas acham que precisam crescer sozinhas para encontrar
a cara-metade lá no topo, não querem carregar o fardo por completo e só querem
viver a parte boa da relação, por isso os relacionamentos andam tão banais e
descartáveis.
Tem pessoas
que tem o sonho do casamento, eu tenho, eu acho louvável estes casamentos que
duram uma vida, acredito que na época dos nossos pais as pessoas abraçavam a
causa da saúde e da doença, claro que tem as exceções, mas, hoje em dia as
pessoas moram juntas, e se não der certo cada uma segue seu caminho, prometem
coisas umas para as outras da boca para fora, não têm ideia do peso e da importância de uma palavra, e ainda acham normal esta atitude,
desistem muito facilmente da relação, deixam o outro sem resposta muitas vezes, acho que chega a ser falta de respeito e educação certas atitudes, muitos dizem que a indiferença e a falta de resposta já é uma resposta, mas será mesmo? não seria isso uma desculpa para falta de interesse e desconsideração, será que as pessoas não merecem o melhor de nós, mesmos que não possamos vê-las fazendo parte de nossas vidas? isso é muito triste, e a banalização e instrumentalização do afeto é aparente.
Acho muito
bonito alguém ser capaz de conviver com o outro uma vida inteira desvendando e
lidando com o mesmo, ao mesmo tempo que ensina e aprende com ele.
Vivemos num
momento que as relações de afeto acontecem muitas vezes apenas para o prazer
momentâneo, poucos querem descobrir e desvendar o outro dos pés à cabeça, e é
uma pena, porque sempre temos muito a aprender com aqueles que estamos nos relacionando. Todo ser humano renasce a cada
dia, e sempre haverá perguntas a serem feitas para aquela pessoa que você
convive há anos, porque as pessoas se renovam a todo momento.
O que temos
que perceber é, que somos faltosos, mas meu limite é diferente do limite da
pessoa que estou convivendo, e isso é muito bom, pois você pode ensinar
para ela caminhos diferentes dos caminhos que ela conhece e vice-versa, nem
sempre o feliz para sempre é o feliz junto, mas também é possível que seja,
depende do ponto de vista e do esforço de cada um, uma coisa é certa,
relacionamentos em todos os sentidos, não são para os fracos.
E uma
certeza eu tenho, a felicidade refere-se aos níveis dos nossos relacionamentos,
quando tem algo errado com eles é possível dizer que tem algo faltando num
contexto geral, mesmo sabendo que não somos incompletos como pessoas, podemos
dizer também que ninguém completa ninguém. Mas as pessoas somam, diminuem e
muito na nossa vida, dão colorido ou dão cinza, dão rabiscos, círculos e
figuras geométricas, e têm pessoas que são como as nuvens, você observa e
imagina um animal.
O que quero
trazer como reflexão neste texto é, o para sempre uma hora acaba quando um dos
que compõem o casal vão desta para melhor, ou batem as botas como dizia minha
vó. Se seu relacionamento não te faz feliz e você e seu parceiro estão vivos,
tente até a última gota, faça sua parte para sua relação crescer e prosperar,
não abandone ninguém pelos seus defeitos, pois a próxima pessoa que você se
relacionar também terá, e você vai trocar o porco urbano pelo porco selvagem,
ambos continuarão sendo porcos, tenha maturidade para lidar com o outro, no seu
limite, e também na sua falta, seja sincero, abra o coração quando sentir
necessidade, nas relações não há espaço para joguinhos de manipulação amorosa,
deixe o outro saber o que você sente quando não está satisfeito, se ele gosta
de você vai procurar melhorar no que estiver em seu alcance e ajudar também,
ame, mas também não mendigue amor, quando um não quer dois não transam, se a
recíproca não é verdadeira não insista, onde não há amor não te demores, e não
se culpe se muitas vezes você quis ficar e dar amor a quem não soube receber,
porque aí já não é mais problema seu, nada melhor que a consciência tranquila.
Outra coisa
extremamente importante nível hard da estrela, é que muita gente acha que vai
encontrar fora da relação, prazeres momentâneos, através de outros corpos,
outras formas de prazeres, enquanto engana o parceiro, cometendo traição. Não
se iluda, desça para a terra compadre e querida comadre, quiçá o que você acha
que está faltando na relação, você nunca encontre em outra pessoa, porque
talvez a falta esteja em você. Entenda, não há como preencher um vazio com
outro vazio.
E não venha
com este papo que a carne é fraca, que você adora uma sanacagem e uma safadeza,
que a cabeça de baixo falou mais alto, estas patifarias que as pessoas
justificam as merdas que fazem, não existe carne fraca quando existe por trás
dela um ser humano ético não erótico e honesto, porque o que diz de fato quem uma pessoa é,
é quando ela escolhe fazer o certo quando ninguém está olhando. Vou fazer uma
pergunta indiscreta a vocês homens: se sua cabeça de baixo é o que comanda sua
vida e um belo dia por má sorte do destino, você sofre um acidente, que Deus
ajude que nunca te aconteça, é só uma hipótese, e você perca sua piroca, sim,
você não entendeu errado. Você continuaria vivendo, ou se mataria porque não
tem mais uma piroca, sim eu viajei nas estrelas com este raciocínio, mas eu
digo isso para você parar de justificar as safadezas e seu caráter duvidoso
culpando sua cobra, ela não raciocina, mas você sim. Sócrates é homem e pensa,
piroca é um órgão irracional, logo Sócrates raciocina e a piroca não.
Se você
escolheu uma relação estável, com exceção do poliamor e dos relacionamentos
abertos, lembrando que para estes exemplos, ambos têm direito de sair com
outras pessoas, vejam, não existe poliamor e relacionamento aberto só para um
lado da relação, tem gente por aí que escolhe este tipo de relação e acha que
pode sair com todo mundo, mas o
parceiro não pode, isso é machismo de alto calão, respeite, se não é capaz de
ter respeito pelo seu companheiro deixe o ir, pois assim a vida de ambos não
estará acorrentada, e ninguém se sentirá injustiçado.
E como tudo
na vida, cabe aqui mais uma vez a política da boa vizinhança: não faça com os
outros o que você ficaria hashtag chateado se fizessem com você. É como a
pimenta, vai arder no olho de qualquer um, porque pimenta é pimenta, certo é
certo, justo é justo, e errado é errado, e me desculpe é bem diferente de me
perdoe, e o não é nada disso que você está pensando, não existe, porque eu vi com
os meus próprios olhos que a terra há de comer.
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