Hoje eu vou
falar sobre uma cena intrigante que eu vi esses dias que me deixou uma semana
com aquilo da cabeça.
Fui num show
de uma banda que eu amo, é uma mistura de rock, maracatu, é tri legal, tem
musicas incríveis com letras supimpas. O show foi sensacional. Mas uma coisa me chamou muita
atenção.
Tinha uma mãe
com seus 30 e poucos anos com uma criança de colo. Se você for um pingo
esperto, sabe que uma criança de colo não é totalmente firme ainda, se fosse,
ela estava no chão e não no colo.
Gente, eu
acho que o fato de uma mulher ser mãe não faz com que ela tenha que parar de fazer
o que gosta, ou abrir mão de viver por causa do filho, salvo algumas exceções
que nem preciso falar.
Um show tem
o volume quase ensurdecedor, porque é
assim que tem que ser mesmo, uma coisa é levar a criança e ficar um pouco e
vazar, outra coisa é fazer a criança ficar o show inteiro, ai que entra o limiar
entre o real e o ideal, mas aquilo infelizmente era real.
Mas não foi
isso que me encabulou. Ela colocou a criança em cima do ombro.
E imagine
uma criança de colo nesta posição com os braços para cima durante 2 horas,
tempo que o show durou.
Eu sei que
você deve estar se questionando, qual a minha conta nisso tudo, que eu to
velha, que eu que estava no lugar errado e na hora errada, pode ser também.
Mais tem uma coisa que eu não consigo tirar de mim, eu acabo me chateando mais
com as pessoas e coisas que aqueles que estão pouco se fodendo com o mundo ao
redor, eu tenho empatia, e ela me consome o tempo todo. Eu não vejo gente
morta, eu vejo empatia em tudo que faço e em todo lugar que eu vou, quando tenho
duvida e quando preciso tomar uma decisão para fazer ou não determinada coisa é dela que eu faço uso.
Agora imagine a criança nesta posição e a mãe pulando durante uma hora e meia
que nem uma louca. Acho difícil alguém sem efeito de drogas conseguir ficar pulando com
uma criança no colo por uma hora e meia. É pesado.
Eu estava
adorando o show, eu amo aquela banda, mas eu comecei a fechar o olho para
curtir meu som porque aquilo estava me deixando cheia de sentimentos ruins, mas
quando eu fechava o olho a cena não saia da minha cabeça. Eu abri os olhos de
novo, e avistei, pois só dava para ver a cabeça da criança por cima das outras
cabeças, e a criança chorava muito, aos prantos, eu fui para outro lugar,
pensei em ir falar com aquela mãe, mas eu não tinha este direito, até porque eu não
tinha nada a ver com aquela família. Teve um momento que a mãe passou a criança
que soluçava de tanto chorar para o pai. Ele ficou com ela dois minutos no colo
e passou para mãe de novo, meu Deus, que homem frouxo.
Resumindo a
historia a saga continuou por duas horas, e eu só vendo aquela criança
chorando, e chorando e se estrebuchando, ela deve ter gorfado, cagado e mijado
na cabeça daquela mãe maluca, e a guria nem deve ter percebido, porque ela nem
se quer escutou o choro.
Não diga não foi nada...
Isso me
deixou pensando muito na minha vida, nas minhas vontades, se vou querer ter
filho um dia, se vou querer me preocupar com alguém o resto da minha vida,
porque se for para deixar ao Deus dará como naquela cena eu prefiro não colocar
uma vida no mundo, neste mundo doente, eu não quero criar uma escoria, para
fazer parte desta maluquice alienante.
Isso me
incomodou muito, mas o que mais me incomodou, sendo bem honesta, foi a minha
inercia, e a minha omissão, porque não, eu não movi uma palha, eu não fiz
absolutamente nada. Porque estamos num momento tão delicado, que até para
reivindicar temos que pensar, porque podemos levar um tiro ou morrer de graça,
só por dizer: - Eu não aceito, tampouco concordo.
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