Hoje, meus
queridos compadres, e comadres, vou falar sobre algo que me deixa bem
encabulada, triste, indignada, e me questiono como em pleno séxulo XXI isso
ainda exista.
Escuto
certas palavras proferidas por algumas pessoas que chego a me perguntar se eu
não ouvi distorção, eu nem consigo mensurar o que pessoas vítimas de
preconceitos por não seguirem um estereotipo pré estabelecido como ideal
escutam quando colocam o pé para fora de casa, eu juro, eu não estou inventando,
você já deve ter escutado ou visto manifestações preconceituosas, e se você é
uma pessoa com um pingo de sensibilidade, você ficaria incomodado, mas
infelizmente, muita gente não está nem ai, porque não acontece com elas.
Se eu for
listar todas as frases que nossos compadres escutam todo dia e toda hora vou
ficar aqui até amanhã cedo, é uma fala pior que a outra. O que as pessoas que
sofrem deste abuso e desta falta de respeito devem saber é que preconceito é
crime, e você deve lutar por este direito, sim, você pode se defender
legalmente falando porque ninguém tem o direito de te agredir fisicamente ou
verbalmente por causa da sua classe social, seu tom de pele ou seja lá o que
for.
Eu me
indigno com qualquer tipo de preconceito por um motivo muito simples, somos
seres evoluídos, chegamos ao topo da cadeia alimentar, debatemos, reivindicamos,
a pergunta é, como em pleno século XXI as pessoas tem preconceito com o bagual
que é negro, tatuado, gay, pobre, rico, político, e etc.
Povo, uma
coisa que você precisa entender é, não importa o que você seja, quando você
morrer você vai feder. E nada que você faça pode mudar isso, a não ser que
tenha grana para ser cremado. Você caga, você vomita quando come algo
estragado, você fica bêbado se beber demais, você tem insônia, você tem crise
de riso, você chora, você toma banho, você é farinha do mesmo saco que eu, que
talvez não goste, ou do seu vizinho que talvez você ame. Cor de pele não mede
caráter.
Quem sofre
preconceito diz ter sentimento de revolta, mas não são só eles, quem vê
situações de preconceito também sofre,
as classes mais baixas sofrem mais preconceito obviamente, e é lá que se
vê a primeira manifestação do mesmo, o problema maior de tudo isso é que as
pessoas não sabem como exercer seu direito, o da luta contra este mal,
fomentando a cegueira e a ignorância dos preconceituosos.
Todos que
lutam contra o preconceito lutam de uma maneira individual, ou em grupos
isolados, por isso talvez estamos em constante luta para acabar com este
transtorno social.
Tem o grupo
das pessoas que fecham os olhos muitas
vezes porque o preconceito não afeta elas.
Por exemplo:
o negro se incomoda com o preconceito e ele luta por isso, as mulheres se
incomodam com o assedio e elas lutam contra o assédio, os grupos da minoria
lutam solitários. A partir do momento que a luta acontece num quadrado isolado
à resposta positiva disso tudo não sai do quadrado, porque só sabe o que é um
assédio quem passou por violência sexual ou algo do tipo. Quem teve a sorte de
não passar por isso tem apenas a ideia do que seria ser abusado. E a ideia da
dor não é a dor propriamente dita, e esta longe disso. Porém o que falta
entender é que a dor de todos os grupos excluídos, mesmo que isolados e nos seus quadrados que
lutam pelos seus direitos sociais, é similar. Dor é dor em qualquer
circunstância e você não a trata com remédios adquiridos em farmácias e
drogarias.
A ideia
seria positiva se a omissão não fosse tão avassaladora. Talvez seria importante
tocar as pessoas para que elas entendam a dor do sofrimento que o preconceito
causa, o sentimento de impotência, de amargura, de indiferença e de baixa auto
estima. Se você já foi vitima de rejeição ou de bullying, por ser diferente em
algum sentido, você deve conseguir ter um pingo de empatia. Porque lutar só por algo que me incomoda e
não por algo que me incomoda e incomoda o meu vizinho?
O deboche
com o outro é tão injusto que só uma pessoa ri, e assim é o preconceito, muita
gente diz que foi só uma brincadeira, brincadeira? Bela brincadeirinha de mau
gosto, já que só é engraçado quando todo mundo ri. E se fosse sua mãe, alguém
da sua família, alguém que você ama ou considera?
Aposto que
se qualquer pessoa que tenha uma atitude preconceituosa em qualquer sentido, se
antes de agredir alguém verbalmente ou fisicamente se lembrasse de alguém de
sua família passando pela mesma situação, só se a pessoa tiver um distúrbio
mental ela não se sentiria mal ou esquisita.
O problema é
com o negro, mas isso afeta quem convive com o negro, se você tem um amigo que
é negro e sofre preconceito na sua frente você vai se sentir afetado, se você
tiver um pingo de amor ao próximo.
Viver em
sociedade é entender que o problema dos outros quando injustiçados também é
problema nosso.
A partir do
momento que se tem direito se tem dever, a omissão ajuda a contribuir com a
impunidade, pois você passa a ser cúmplice dela. Ficar de braços cruzados é a
mesma coisa de ser omisso, e isso pode ser muito perigoso.
É uma luta
muitas vezes em vão pois nem o própria sofredor do preconceito tem forças para
lutar. Há muitos indivíduos, por ai, que muitas vezes nunca viveram situações
de preconceito mas que são mais engajados que as próprias vitimas de
preconceito. E Eu consigo imaginar porque, porque este sofrimento doí na alma
daquele que sofre, e as vezes a vontade de desistir e lutar vai minando, a
sensação de impotência vibra. E às vezes falta força. Isso é triste mas
totalmente compreensível.
“Os próprios
pretos não estão nem ai para isso”, então quem sou eu né, já dizia Racionais.
O que quero
gerar neste texto é a reflexão de qual o tamanho da sua omissão, quantas vezes
você vê situações injustas e você deixa para lá porque não é da sua conta.
Talvez você até pense em fazer algo mas não faz nada porque o errado não é
você, porém você é omisso, e a omissão é tão grave quanto um erro. Porque você
passa a fazer parte sem querer do sofrimento de alguém que você não conhece,
não sabe a história e que pode desistir de viver pelo preconceito de alguém.
Finalizo
dizendo que o preconceito é algo tão mesquinho e repugnante que nem a palavra
preconceito deveria existir, muito menos o comportamento preconceituoso.
Agradeço a
todos os amigos, vitimas de preconceito por emprestarem o depoimento e terem dado a ideia deste tema tão relevante.
Um abraço e
tchau
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