Este texto
vai para vocês queridos leitores que batalham muito, que passam anos a fio de
suas preciosas vidas, estudando, contribuindo com a pesquisa, deixando um
rastro, uma marca, mesmo muitas vezes sendo um grão de areia, possuem
remuneração baixa, trabalho árduo e pouco reconhecimento, raras às vezes muito
reconhecimento. E ainda precisam ouvir a perguntinha medíocre: - Você só estuda
ou trabalha também?
Estou
falando de você acadêmico bagual que já está no seu segundo pós doc morando no
Canadá, num laboratório foda, mas que a humildade depois de todos estes anos de
batalha continua intacta, modesta.
É incrível
como tem gente que quanto mais o nível intelectual cresce mais o nível
espiritual baixa, sabe a famosa gangorra, acontece exatamente igual.
Enquanto
mais abaixa, mais a bunda aparece, sabe a famosa calça de veludo cú de fora, ou
melhor, aquele frango mastigado com arroto de perú, a pessoa faz uma parte do
mestrado, doutorado, seja lá que raios, no exterior e volta pro Brasil pisando nos outros
que aqui ficaram como se não houvesse amanhã. Por que não basta ir pro exterior,
tem que se sentir o Einstein do século XXI. De que adianta estudar para cacete se não puder
pisar nos outros né?
...
E ainda tem
o discurso medíocre que professor bom mesmo é aquele que mete o chicote, porque
as pessoas só aprendem apanhando...
Meu povo, é este, este ser que vai dar aula
pros seus filhos, imagina que merda que isso pode dar.
É a típica
professora Cecília, velha bruxa que batia nos alunos que não aprendiam a
tabuada.
Poxa que
pariu, que mundo estamos vivendo, parece que cagar na cabeça dos outros, não
escutar os apelos das pessoas que vivem ao nosso redor ficou demodê.
Veja, não
importa onde você chegue profissionalmente falando, se não tiver um pingo de
empatia, um pingo de respeito, um pingo de humildade, nada disso serve.
Uma pesquisa
feita no Reino unido com idosos à beira da morte, teve respostas
surpreendentes, para a seguinte pergunta:
- o que você
faria de diferente se ainda tivesse oportunidade ou tempo?
Ninguém
respondeu: eu teria comprado um carro novo, ou trabalhado 5 horas a mais por
dia, feito aquele curso na Austrália, ou colecionado mais 2 pós doutorados.
Não, a
resposta foi, eu teria reclamado menos, teria sido menos prepotente e
arrogante, teria valorizado pessoas que gostavam de mim, teria amado mais,
comido mais, teria tido mais crises de riso, teria estendido a mão, eu fiz o
contrário, e amanhã não estarei mais entre vocês.
...
Por que as
pessoas precisam tomar um choque de realidade ou de humildade para acordar para
as coisas que realmente importam na vida?
Eu tenho
exemplos próximos de mim de pessoas admiráveis, mas não são poucos, ainda bem,
mas também tenho exemplos horrendos de seres humanos, que paro e me pergunto
onde é que vamos parar, mas ai eu respiro e penso. Que bom que as más pessoas
se afastaram ou eu as afastei com meu jeito torto ou defeituoso de ser, eu não
sou perfeita, mas tento ser sensível aos outros ao meu redor, isso eu tento. E que bom que as boas
permanecem ao meu lado.
Se não
houvesse pessoas boas no mundo ele já teria acabado. Mas precisamos ter
esperança que o meio a meio, não esteja próximo, porque se isso acontecer o
mundo estoura.
Seus diplomas e títulos não medem seu caráter muito menos salvam sua vida de um acidente de percurso.
O melhor
acadêmico é aquele que não vem para concluir nada mas para questionar
infinitamente, até pensar cogitar em mudar a pergunta, porque ela nunca acaba. É
uma busca constante.
Agradeço
todos os amigos que seguem essa carreira e ainda se mantem nela mesmo após os
cortes de verbas.
O passo do
sub desenvolvimento para o desenvolvido está na bagagem desses amigos que não
cansam de buscar respostas que sabem que muitas vezes não terão para melhorar o
mundo mas nunca desistem de buscar.