Prestigiar o evento de moda mais famoso do Brasil não é para qualquer um. Mas deveria.
Eu não sou
mais chique e nem mais fina, rica e poderosa que ninguém porque fui no desfile
de um dos estilistas mais influentes do mundo da moda.
Primeiro que
o SP fashion Week não é um evento democrático, e sim exclusivo, você só entra
se for convidado, se for blogueiro famoso, expositor de marcas famosas,
estilista renomado ou alguém muito bagual de fibra da área, alguém muito foda,
PHD neste mundo ou coisas do tipo e etc.
Não é um evento
para estudantes de moda e pessoas que simplesmente apreciam moda, e sim para a
celebridade que aprecia moda, e profissionais da área ou afins.
E como você
foi comadre? Quem fez a caridade de te arrumar um convite?
E por que
SPFW não é democrático?
Respondendo
a primeira pergunta: Não interessa de quem eu ganhei, este assunto não me
interessa e não quero falar sobre isso, hehe, brincadeira, ganhei de uma amiga
que é amiga do estilista famoso que citei aqui no início.
Quem é o cara?
É um
estilista renomado brasileiro especialista em Beach Wear, com notoriedade no
brasil e fora dele. O cara é bagual de fibra, é brilhante, tem talento, se não,
não teria chegado onde chegou, tem uma loja na rua mais famosa e rica de SP em
nível de moda, percebi a ousadia nas cores e formas, apesar de serem roupas de
praia, a tabela começou com cores lisas com uma outra composição por cima do
maiô, e depois veio mesclada com todas as cores da tabela. Mas o que eu mais
gostei foi a escolha de uma das músicas, dentre todas a mais especial durante
os 10 minutos de desfile foi a Alok, Bruno Martini feat. Zeeba - Hear Me Now. Quem
está assistindo um desfile deste, não faz ideia de quanto suor e trabalho houve
no backstage, foram horas de trabalho para 10 a 15 minutos de glamour, mas
desfiles sempre valem a pena, e estar numa passarela traz uma adrenalina para
quem cria, assim como para quem exibe a peça. Só quem já passou pela experiência
talvez consiga explicar, mas é uma sensação tri bárbara. Para mim, que desta
vez era só uma espectadora, eu senti emoção, senti alegria, tristeza e mais uma
série de coisas porque a situação veio de encontro com toda a trajetória que eu
já vivi.
O desfile
estava glamouroso, cheio de gente chique, atrizes globais e pessoas que vivem
no anonimato, que se morrerem amanhã, terão seus nomes esquecidos, assim como
eu.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCmmmS6WnjvKEtrFbGbjbpRAnuT9avkOMwleEkTL7UaPKMDDJUm0dVVWGzaBewPMgIPEZwbACKdd_YZbCZ0FsQubv9iUkinEQAtx6LlYDn8K5uOju5mT95XoKLIVlqKXQJbav1nYsfOr9Q/s640/moda-2.jpg)
Quando você
é convidado para um desfile você fica separado dos seus compadres que também
foram convidados por grau de importância que você tem na moda, você realmente acha
que isso é democrático?
Por exemplo:
as famosas e atrizes globais ficam na fila 1, elas conseguem ver as texturas
das roupas das modelos, as olheiras das modelos, e podem ficam reparando, coisa
que quase não acontece na moda, afinal de contas, lá o ego não existe, foi uma
ironia. A segunda fileira, chamado de B, são as pessoas um pouco menos
celebridades que as celebridades, pessoas que têm algum grau de importância na
moda. A terceira fila, chamada de C, depois D, são pessoas que precisam estar
lá porque precisam, talvez lojistas, gerentes de grifes, coordenadores e afins.
E a fileira E são do povo do anonimato, pessoas como: estudantes de moda que
precisam entrar para engordar currículo ou por paixão mesmo, são pessoas que
vão para o evento bem mais cedo, pedem na caruda o convite caso alguém tenha a
caridade de ajudar um pobre estudante e oprimido de moda, fotógrafos
desconhecidos e amadores, que conhece a prima da melhor amiga do estilista. E
atrás da fileira E, acabou, são pessoas que ficam em pé porque não tem cadeira
para elas. Você acha que estou sendo injusta ou você lembra dos senhores
feudais e quem trabalhava para fazer com que os senhores comessem.
Democracia
existe sim na moda, já participei e apreciei trabalhos lindos com intuito de
melhorar nossa sociedade mesquinha, ou ajuda-la de alguma forma, mas não existe
nos eventos de moda, como então as pessoas de moda podem ser democráticas?
Espero de
coração que exista, porque somos únicos, e em todas as áreas tem gente
esquisita e não esquisita.
Por que eu
fui?
Porque
cavalo dado não se olha os dentes, sou formada em moda, queria ver como está o mercado,
se continua parecido ou mais evoluído que a época que eu era da área, se o estereótipo
das modelos continua o mesmo da época que eu modelava, infelizmente sim,
(vejam, nada contra as modelos, eu já fui uma, mas não concordo com o estereótipo
anoréxico que a moda prega de uma forma ainda tão alienada).
Fui conferir
também se ainda tem gente legal e de personalidade, se ainda tem gente que come
frango e arrota peru ou usa calça de veludo mas deixa o cú de fora, e todas
estas patifarias ou não patifarias que não precisa ser da área para saber ou
perceber.
Moda para
mim é nada mais nada menos que bom senso, se você não tem o estilo de corpo que
fica bom naquele vestido, não use aquele vestido porque todo mundo está usando,
ou só porque está na moda, ter personalidade é usar o que realmente fica chique
e bonito para você, de bom gosto, e não usar o que todo mundo usa só para pagar
de bacana, principalmente se não tem nada ver com seu tom de pele, seu cabelo,
sua altura e seu shape de corpo.
O SPFW não é
democrático, toda vez que eu entro em contato com esse mundo que muitas vezes
já me deu preguiça, é que, não importa a faculdade que você fizer, se você não
tiver pelo menos uma língua fora a que você já herdou do seu país, fluente, se
você não foi para o exterior fazer intercâmbio ou você não conhece alguém do
ramo para te indicar fica muito difícil conseguir entrar neste meio.
Tem inúmeras
faculdades de moda no Brasil de uns 10 anos para cá. Todos os anos inúmeros
profissionais entram para o mercado, não importa como você estudou, se você foi
um aluno bom, o que importa é se você conhece alguém que conhece alguém para te
dar uma oportunidade que pode ser perdida no primeiro erro de modelagem.
Por favor,
sem generalizações, mas rara às exceções isso acontece sim, infelizmente.
Eu não estou
fazendo este texto para criticar e diminuir a moda. Eu sei a importância que a
moda tem na sociedade, eu sei o quanto uma etiqueta significa para algumas pessoas,
mas para minha vida não, minha realidade é outra, tenho admiração pelas pessoas
que chegaram no pico e conseguiram se manter no mercado, com dignidade,
humildade, e profissionalismo num mundo tão cheio de ego e inveja.
Tenho noção
e acredito que se vestir bem faz bem para nossa autoestima, é bom vermos pessoas
cheirosas, bem vestidas, isso faz bem aos nossos olhos, acredito também que
moda é comportamento, que podemos entender um pouco do mundo do outro pelo que
ele veste, podemos saber que canções ele gosta de ouvir pela vestimenta, claro
que algumas pessoas são incógnitas e mistérios que nunca desvendaremos se não conversarmos
com elas. Mas acho perfeitamente possível se vestir bem sem gastar muito, e sem
ostentar.
Porque
afinal de contas a vestimenta interna vale muito mais do que a carcaça, pois ao
mesmo tempo que a máscara cai, ao tirarmos a roupa ficamos nus. E não podemos
esquecer que foi deste modo que viemos ao mundo.
Se tem uma
coisa que nunca sai de moda é a atitude elegante e honesta independente do look
que está usando, bem como ter conteúdo além da roupa que veste.
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