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terça-feira, 21 de março de 2017

A instrumentalização dos afetos!

Por que é proibido sentir?



Se tem um assunto que intriga muitas comadres e compadres é falar de sentimentos. Há aqueles que dizem que mulheres são mais sentimentais e homens mais racionais, já tem erro na jogada, generalizações e extremismos nunca fizeram bem a ninguém.
A questão é que as pessoas têm a mania de evitar o inevitável. O cara acabou de terminar um relacionamento e já coloca como missão: não vou namorar tão cedo, não quero problemas, vou focar em outras coisas, mas aí na fila do mercado, ele conhece aquela, aquela que faz cair por terra todos os planos e o faz dar um tiro no pé.
Relacionar-se é algo fácil?

Nunca foi, nunca é, e nunca será, primeiro porque você está lidando com alguém diferente de você, segundo porque você precisa aprender a lidar com este ser diferente de forma assertiva e democrática, terceiro porque você não é dono do outro, segundo porque o outro tem vontades e razões diferentes das suas, quarto porque o ser humano é complexo, e se você consegue lidar com outro com qualidade, você é especial. Não se trata só de relacionamentos afetivos, diz respeito a todos os tipos, independentemente de suas vertentes.


Sentimento é sentimento, razão é razão, é como água e óleo, não se misturam, a razão pode ser parecida com a mãe do coração que sempre dá conselhos que o filho muitas vezes não quer escutar, e só aprende depois de quebrar a cara.  Mas quando o coração resolve mandar, não tem razão que resista. Sabe aquele dedindo na tomada? Só aprende que não pode, e que machuca depois que leva o choque.
A questão é que as pessoas têm tanto medo de experimentar o sentir, que elas passam a acreditar que a razão, e só ela, aquela científica, é que toma as rédeas da vida.
A intensidade, o frio na barriga, aquele papo olho no olho, a energia alheia foi substituída pelos amores de aplicativos, e a conformidade foi concretizada. O afeto virou instrumento de consumo, e pegar se tornou mais importante que se apegar, a quantidade vale mais que a qualidade, o sexo virou mecânico, a conformidade assumiu o comando das relações, o está ruim, mas está bom ganhou vida. Somos bilhões de pessoas no mundo, todas elas são diferentes de nós, algumas parecidas, com histórias parecidas e valores parecidos, mas a razão precisa ser a mãe, isso é obrigatório, porque sentir as vezes pode machucar, e dói.
 Tem dor maior de ser enganado, machucado, ferido, deixado? Talvez seja porque o coração sangra muito mais do que a razão. Um coração partido pode levar uma vida para cicatrizar e quiçá ainda assim morra sangrando deixando marcas na alma. Você aí que trata os sentimentos dos outros como frescura e nada além de banalidade, acorda, o mundo é sensitivo e energético, e o planeta terra não gira em torno do seu umbigo egoísta, pare de tratar seus afetos e os dos outros como um produto com direito a obsolescência programada, que foi feita para não durar, que você compra no mercado, como uma lâmpada, por exemplo.


Ah, mas ninguém se importa com sentimentos, as pessoas querem mais é viver o momento e amanhã não precisam lembrar mais. Que coisa ridícula este lance de dormir de concha, que pieguice barata.
Esta fala tomou conta das relações interpessoais, porque as pessoas falam com boca cheia de mágoas que o coração carrega. Falam isso porque se conformaram e têm medo de experimentar ser feliz de novo.
Por que ninguém assume para o companheiro ou ser que está se relacionando que trata afeto como objeto? Por que as pessoas não conseguem falar a verdade?
Seria esta a geração da síndrome do Pinóquio mascarada.
Por que se declarar para o outro, ser carinhoso, dizer o que sente virou pieguice barata e sinônimo de fraqueza? Por que não tratamos seres humanos como seres humanos?
Para quê viver desta forma? Porque tratar seu semelhante como um objeto de consumo, você se sentiria feliz em saber que foi usado e nada mais?
Um afeto nunca pode ser tratado como instrumento porque ele não é material, afinal de contas você trata um cavalo como uma galinha?
Isso precisa parar, se os afetos não fossem relevantes todos nós faríamos sexo pelo aplicativo ou com bonecos de borracha. O problema é que boneco não pulsa, não sorri e não chora, mas isso é só um detalhe.

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